Região

Descoberta gravura de cabra montesa com 12 mil anos no Vale do Côa

Dsc 0081
Escrito por Efigénia Marques

Placa de arte móvel foi encontrada numa pequena plataforma localizada no Vale de José Esteves

Arqueólogos da Fundação Côa Parque colocaram a descoberto a gravura de uma cabra montesa numa placa de xisto com cerca de 12.000 anos, durante prospeções no Parque Arqueológico do Côa.
Segundo a presidente da Fundação Côa Parque, Aida Carvalho, esta placa de xisto agora descoberta representa uma cabra montesa que foi identificada um novo sítio com arte móvel no território do Parque Arqueológico do Vale do Côa, no concelho de Vila Nova de Foz Côa. «Durante trabalhos de prospeção, a equipa de arqueologia da fundação, juntamente com os estagiários de doutoramento Tania Mosquera Castro, da Universidade de Santiago de Compostela, e Ignacio Triguero, da Universidade de Alcalá de Henares, em Espanha, identificaram uma placa de arte móvel com a representação de uma cabra montesa, num novo sítio arqueológico do Vale do Côa», explicou a responsável.
Segundo os investigadores, a arte móvel é um tipo de arte paleolítica que se inscreve em suportes de pequeno tamanho (pedra, osso, haste ou marfim), passíveis de serem transportados. «A placa de xisto encontra-se queimada e apresenta numa das faces a representação dos quartos dianteiros do que parece ser uma pequena cabra montesa, que segue um segundo animal de maior tamanho, cuja cauda curta e encurvada sugere tratar-se de um veado ou de uma cerva, ao qual falta a cabeça devido a fratura do suporte», explicou à agência Lusa o diretor científico da Côa Parque, Thierry Aubry. De acordo com o especialista em arte rupestre, estas figuras apresentam os corpos muito geometrizados e são gravadas por incisão, o seu interior encontra-se totalmente preenchido por linhas igualmente incisas, um tipo de preenchimento a que os arqueólogos chamam «preenchimento estriado».
Thierry Aubry realçou que, apesar de se tratar de um achado de superfície, o estilo das representações remete para a fase «azilense da Arte do Côa», com uma cronologia de cerca de 12.000 anos atrás. Este novo sítio está localizado nas proximidades do Museu do Côa e foi identificado em 2018, graças à descoberta de blocos de quartzo utilizados na construção de fogueiras e vestígios de pedra lascada deixados pelos últimos grupos paleolíticos do Vale do Côa.
«O sítio localiza-se numa pequena plataforma localizada no Vale de José Esteves, por onde corre uma ribeira afluente da margem esquerda do Rio Douro», explicou o também arqueólogo. «Futuros trabalhos no local poderão vir a esclarecer melhor a datação da placa e o seu contexto de utilização», vincou Thierry Aubry.

Sobre o autor

Efigénia Marques

Leave a Reply