Região

Águas residuais analisadas para detetar coronavírus

Escrito por Jornal O Interior

Projeto de investigação vai permitir criar sistema de alerta precoce e contribuir para melhorar a resposta face a eventuais novos surtos de doença

As águas residuais vão começar a ser testadas para detetar a presença do novo coronavírus e permitir alertar antes mesmo da sua propagação na comunidade, no âmbito de um projeto de investigação que está em curso.
O Covidetect vai permitir criar um sistema de alerta precoce à presença do novo coronavírus, que provoca a doença Covid-19, e contribui «para melhorar a resposta face a eventuais novos surtos de doença», de acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério do Ambiente e Ação Climática. Considerado prioritário pela tutela, o projeto é coordenado pela AdP – Águas de Portugal e prevê-se que tenha uma primeira fase de desenvolvimento e validação do método de cerca de um mês, seguindo-se a monitorização de cinco Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) durante os seis meses seguintes. Ao mesmo tempo é feita «a modelação eco-epidemiológica das cargas virais e sequenciação dos genomas de SARS-CoV-2 presentes nas águas residuais».
O gabinete de João Pedro Matos Fernandes acrescenta que o objetivo é criar «uma ferramenta de deteção, quantificação, caracterização e modelação» do vírus através da análise em ETAR. E tal decorre «da evidência da excreção fecal (não se descartando a excreção urinária) do agente etiológico da Covid-19 em indivíduos infetados», explica o ministério. Nesse sentido, o Governo entende que a monitorização regular da presença do coronavírus SARS-CoV-2, em efluentes nos locais dos hospitais de referência para doenças infecciosas e de maior densidade populacional, «possibilitará conhecer o perfil de contaminação das águas residuais com material genético do vírus e sua relação com o número de infetados conhecidos». Porque é impossível testar toda a população, a monitorização das ETAR pode ser uma «importante ferramenta» de alerta precoce da presença do Covid-19 e sua disseminação numa determinada comunidade.
A informação recolhida é depois transferida para as autoridades competentes e contribui «para melhorar a capacidade de preparação e de resposta do país face a eventuais novos surtos», acredita o Governo. Além da AdP fazem parte do consórcio que vai desenvolver o projeto a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (que assegura a coordenação científica do projeto e as atividades de modelação da dinâmica de SARS-CoV-2 na rede de saneamento, modelação eco-epidemiológica e reconstrução dos genomas virais), o Laboratório de Análises do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa (desenvolvimento das metodologias para a deteção e quantificação do SARS-CoV-2 nas águas residuais), a Águas do Tejo Atlântico (gestora de saneamento de uma das principais áreas metropolitanas do país) e a Direção-Geral da Saúde. Também estão representadas a EPAL, a Águas do Norte e a SIMDOURO.

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Jornal O Interior

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