António Serra, diretor clínico para os Cuidados de Saúde Primários, garante que tem o processo de vacinação na área da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, decorrido dentro da normalidade. «Não tem havido grandes problemas com a administração de vacinas. A experiência que se tem vindo a ganhar nos últimos meses é um fator importante para o sucesso do processo», afirma o médico.
«Continuamos com escassez de vacinas», acrescenta o responsável, mas nem isso impede o avanço da atividade. «Estamos com uma cobertura vacinal de cerca de 27 por cento», porém com a quantidade de pessoas que foram vacinadas ao longo do fim de semana a percentagem de pessoas vacinadas na ULS da Guarda subiu para cerca de 29 por cento. Segundo os últimos dados divulgados pela unidade hospitalar, até ao dia 17 de abril já tinham sido administradas 39.387 primeiras doses e existem já 16.676 pessoas com a vacinação completa, num total de 56.063 vacinas administradas. Nalguns concelhos a vacinação já passou para a segunda fase porque «já não conseguimos contactar as pessoas acima de 80 anos. Apesar de ainda lá existirem algumas centenas, mas a verdade é que não temos contacto com essa gente», refere António Serra.
Quanto ao facto de durante este fim de semana, dias em que a maioria da comunidade escolar foi vacinada, terem existido profissionais que não receberam a convocatória, o responsável pelos Cuidados de Saúde Primários garante que «irão receber a indicação» porque o processo não tem sido perfeito e «tem havido lacunas», reconhece. António Serra salienta ainda que o agendamento para vacinação da comunidade escolar foi diferente da vacinação geral. Enquanto a convocatória da segunda opção foi feita a nível local, a primeira foi feita em «parceria com o Ministério da Saúde». E por essa razão o futuro é um pouco mais incerto, porque está dependente da «quantidade de vacinas que nos sejam distribuídas, o que também será influenciado pela quantidade vacinas que o país irá receber».
A imunidade de grupo a nível nacional está prevista para setembro, porém António Serra tem esperança que a ULS da Guarda consiga alcançar essa meta mais cedo. «Se não faltarem vacinas, penso que conseguiremos cumprir esse objetivo ainda mais cedo, mas só se não nos faltarem vacinas», reforça o diretor clínico. A atribuição das vacinas é feita a nível central, ou seja, «é um procedimento que não depende só de nós. Elas são atribuídas consoante o número de residentes em cada área de saúde». Atualmente a ULS da Guarda está a receber 11 por cento das vacinas que a Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro requer e depois é feita uma distribuição feita pela “task force” «que tem a ver com a decisão de começarmos com certo grupo etário», clarifica António Serra.
Sobre denúncias de vacinações indevidas na área de abrangência da ULS da Guarda, o responsável não quis avançar muita informação, declarando apenas que «depois de analisadas as situações há motivos para haver a elaboração de processos de inquérito. E depois veremos no que vai dar». Um deles tem a ver com a vacinação em Vila Nova de Foz Côa de Rui Vieira, ex-deputado e marido da vice-presidente da Assembleia da República, Edite Estrela.