Os dados estão lançados na Câmara da Guarda depois de Sérgio Costa anunciar a candidatura à presidência da concelhia local do PSD, cujas eleições terão lugar a 4 de abril. O vice-presidente do município manifestou a intenção de concorrer na sexta-feira num plenário de militantes e apanhou de surpresa Carlos Chaves Monteiro, que também esteve presente.
O presidente da autarquia não escondeu o incómodo com a decisão de Sérgio Costa, com o qual tem protagonizado momentos de tensão no executivo. O clima de «incompatibilidade total» entre os dois, como referem algumas fontes contactadas por O INTERIOR, tem vindo a agudizar-se nos últimos meses e já culminou em discussões «a altos berros». Ao avançar para a concelhia, o vice-presidente da autarquia tenta o “xeque-mate” a Chaves Monteiro, militante recente, e contará, desde já, com o apoio de Álvaro Amaro, que não terá gostado de ver o seu “delfim” renegar algum do legado. É que a liderança da secção local é um lugar-chave no processo de escolha do candidato à Câmara e, tendo em conta o mau relacionamento entre ambos nos últimos meses, a eleição de Sérgio Costa pode ser uma “pedra no sapato” na candidatura de Carlos Chaves Monteiro nas autárquicas de 2021.
Contactado por O INTERIOR, Sérgio Costa declinou prestar declarações por estar ainda «a preparar a candidatura e a contactar pessoas», não tendo uma data para a apresentação formal. O silêncio é também a palavra de ordem para o presidente da Câmara, que deverá agora segurar “as pontas” de uma maioria cada vez mais dividida no executivo. Quem fala é Tiago Gonçalves, que não se recandidata a um segundo mandato na concelhia. Eleito em abril de 2018, o atual líder invoca «aspetos do foro pessoal, profissional e de natureza política» para não concorrer. «Perspetivando as eleições de 2021, que serão o maior desafio da próxima concelhia, entendo que é necessário estar totalmente disponível para o combate político nos próximos dois anos. Eu não terei essa disponibilidade e por isso prestaria um mau serviço ao partido se me recandidatasse», considera.
Tiago Gonçalves acrescenta ter comunicado a decisão ao presidente da Câmara, entre outros dirigentes e militantes, «em janeiro», e garante que nada tem a ver com o aparecimento de outra candidatura. «Não integrarei nenhuma lista e não dei, até ao momento, apoio a qualquer lista nem darei enquanto não tornarem públicas as suas ideias e respetivas equipas», adianta o também líder da bancada social-democrata na Assembleia Municipal. O dirigente concelhio, que foi diretor de campanha de Álvaro Amaro nas últimas eleições, reitera que Carlos Chaves Monteiro é «o candidato natural do partido às próximas autárquicas e aquele que parte em vantagem para o ser». E, seguindo a norma no PSD, assim será, pois «é hábito ser aprovada em Conselho Nacional uma diretiva mediante a qual ficam automaticamente aprovadas as candidaturas de todos os presidentes de Câmara em funções e que estejam em condições de se recandidatar», especifica. Resta agora que o autarca manifeste essa «vontade e disponibilidade», afirma Tiago Gonçalves, para quem se isso não acontecer o PSD terá «certamente alternativas qualificadas no seio do atual executivo ou noutros órgãos autárquicos e espaços de intervenção pública».