Política

PS e PSD trocam galhardetes na Assembleia Municipal da Guarda

4
Escrito por Jornal O INTERIOR

Maioria e oposição esgrimiram argumentos por causa
das contas de 2020, do Pavilhão 5 do Hospital Sousa Martins,
do Hotel Turismo e da sessão solene do 25 de Abril

A aproximação das eleições autárquicas já se fez notar na última Assembleia Municipal da Guarda, realizada na passada quinta-feira, onde sociais-democratas e socialistas trocaram argumentos e acusações de eleitoralismo e sensacionalismo.
Tudo por causa das contas, da Linha da Beira Baixa, do Pavilhão 5 do Hospital Sousa Martins, do Hotel Turismo e da sessão solene do 25 de Abril. Primeiro foi Pedro Nobre (PSD) que manifestou a sua «preocupação e inquietação» pela não inclusão das obras no Hospital Sousa Martins no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), onde «não há um cêntimo para o interior», e pela demora em resolver o caso do Hotel Turismo. «A pandemia tem as costas largas porque é também devido a ela que não se consegue vender o Hotel Turismo», ironizou o social-democrata, garantindo que o culpado é o Estado. «O Turismo de Portugal deveria assumir essa incapacidade e entregar o hotel à Câmara da Guarda para esta conseguir negociá-lo. Acho que era capaz de ser mais rápido», considerou.
Na resposta, António Monteirinho (PS) lembrou apenas que Álvaro Amaro pediu a Passos Coelho, então candidato a primeiro-ministro, para que não pagasse o imóvel à autarquia. Sobre o Pavilhão 5, o líder da bancada socialista socorreu-se também de outra expressão do antigo autarca social-democrata, quando este disse que eram precisos «mais miolos e menos tijolos» no Hospital da Guarda, para concluir que «nós fazemos e não anunciamos». O deputado lamentou ainda que a oposição tenha sido «silenciada» na sessão solene do 25 de Abril, um «desagrado» partilhado pelo Bloco de Esquerda e CDU, e «subscreveu» a intervenção da presidente da Assembleia Municipal a propósito da sessão «censurada». «O que se passou no 25 de Abril diz muito do que é o executivo atual», criticou.
A prestação de contas de 2020 foi outro ponto de clivagem entre maioria e oposição. O relatório foi aprovado por maioria, com os votos contra do PS, Bloco de Esquerda e CDU, mas antes disso mereceu muitos reparos. Desde logo por António Monteirinho, para quem as contas do município «estão em derrapagem acentuada» e «serão ainda piores» em 2021. Na sua opinião, o documento revela «execução zero por cento e propaganda cem por cento», a propósito de projetos como a despoluição do rio Diz, a construção do Centro de Exposições Transfronteiriço ou o Centro de Valorização de Produtos Endógenos, entre outros, que a maioria não concretizou. O socialista também destacou os 30,1 milhões de euros de dívida à Águas de Portugal, que «continua a aumentar» e o resultado líquido negativo do exercício de 362.363 euros. «A governação do PSD na Câmara é como a perdiz, ou está no chão ou voa rente», ironizou António Monteirinho.
Críticas partilhadas por Aires Dinis (CDU) e Bruno Andrade (BE). O comunista perguntou quando é que a Câmara «pensa resolver» o assunto, pois «já passaram oito anos desde que o PS deixou o poder e não foi resolvido». Já o bloquista discordou que o município não reconheça esta dívida, que «alguém vai ter de pagar e cá estaremos para ver quem será, um dia». Por sua vez, José Carlos Lopes (CDS-PP) justificou o voto favorável porque «antes nunca havia dinheiro» e agora, com o PSD a governar, a situação financeira da Câmara é «muito melhor, disso não há dúvidas». Da bancada do PSD veio mais um apoio, com Ricardo Neves de Sousa a afirmar que as contas do município «nunca estiveram tão certas e equilibradas como estão neste momento». O deputado acrescentou que, apesar do impacto da pandemia, o executivo «não deixou de cumprir com as suas obrigações e conseguiu dar reposta aos percalços decorrentes da situação pandémica com apoios da ordem de um milhão de euros».
O social-democrata devolveu depois as críticas aos socialistas, dizendo que, «para o PS, empenho e capacidade de propor soluções zero por cento, deturpação da verdade cem por cento; retórica sensacionalista cem por cento, capacidade de análise zero por cento». Carlos Chaves Monteiro, presidente do município, voltou a reiterar que a Câmara guardense «está em boa saúde financeira» e há «equilíbrio orçamental», tendo sublinhado que «a receita cobrada média líquida é de 36 milhões e a dívida de 17,3 milhões de euros». O autarca destacou ainda que a edilidade teve 553 mil euros de despesa com o combate direto à Covid-19 e não arrecadou 472 mil euros de receitas pelo apoio dado à economia local.

Sobre o autor

Jornal O INTERIOR

Leave a Reply