Política

«O Chega é o terceiro partido a ter em conta no distrito»

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Escrito por Efigénia Marques

O Chega foi novamente uma das surpresas da noite eleitoral – já o tinha sido nas Presidenciais – por conseguir assumir-se como terceira força política no país e no distrito.
O partido conseguiu uma votação de 7,95 por cento (6.116 votos, mais 4.981 que em 2019) e foi o terceiro mais votado em todos os catorze concelhos do distrito da Guarda. Comparativamente às últimas legislativas, o Chega passou de sétimo lugar para terceiro. José Marques, cabeça de lista do partido pelo círculo da Guarda e presidente da distrital, assume que o resultado está «dentro daquilo que nós esperávamos, exatamente entre os 7,5 e os 8,5 por cento, essa era a perspetiva que tínhamos e foi um excelente resultado». O dirigente acrescenta que «consolidámos o terceiro lugar em todo o distrito, em todos os concelhos. Basicamente, o Chega é, neste momento, o terceiro partido a ter em conta em todo o nosso distrito e estamos cá para ajudar a fazê-lo crescer, ajudar as pessoas, os nossos eleitores e quem se juntar ao Chega para lutar pelos interesses do distrito e de todos os concelhos».

«É um mau resultado do BE a nível nacional e em todos os distritos»

O Bloco de Esquerda (BE) foi um dos derrotados da noite de domingo, já que foi ultrapassado pelo Chega e passou a ser o quarto partido no distrito da Guarda, com 3,07 por cento dos votos, tendo perdido cerca de 3.631 votos face a 2019.
Pedro Cardoso, cabeça de lista do BE pelo círculo guardense, assume que é «um mau resultado» do Bloco. «Aqui na Guarda tivemos uma queda, não foi tão acentuada como noutros distritos, mas estamos a falar de um mau resultado a nível nacional e em todos os distritos. Penso que fizemos uma boa campanha, tentámos passar um conjunto de mensagens, mas parece-me que a comunicação social não ajudou à sua divulgação. Fizemos várias iniciativas, enviámos cerca de 28 emails à comunicação social com informações, tomadas de posição e propostas, e muito pouco foi divulgado», afirmou o candidato.

«Lamento que os verdadeiros democratas cristãos se tenham alheado desta eleição»

O CDS-PP foi um dos partidos mais afetados pela noite eleitoral. Apesar de terem descido no distrito da Guarda (menos 2.124 votos face a 2019), o líder nacional Francisco Rodrigues dos Santos demitiu-se após o partido perder representatividade parlamentar.
Por cá, com 2,21 por cento dos votos, João Mário Amaral, cabeça de lista pelo círculo da Guarda, adianta que este desfecho «não era aquilo que efetivamente estávamos à espera». Para o candidato, o CDS vale «muito mais do que isso no distrito. Lamento que efetivamente os verdadeiros democratas-cristãos se tenham alheado desta eleição, pondo em causa a sobrevivência do partido por questões meramente umbilicais e de interesses próprios».

«É uma desilusão ver o PS vencedor novamente»

A Iniciativa Liberal (IL) foi uma das surpresas das legislativas no país e no distrito, onde subiu do oitavo para o sexto partido mais votado com 1,93 por cento e mais 1.026 votos do que em 2019.
Para Ângelo Videira dos Santos, cabeça de lista da IL na Guarda, este é um resultado «satisfatório, triplicámos a votação em relação às últimas legislativas». No entanto, «fica aquém daquilo que esperava pessoalmente, mas obviamente o voto útil, tendo em conta a sub-representação do distrito, influenciou muitos eleitores a não votarem conscientemente só nas ideias em que acreditam, mas sim para não deixar governar um ou outro, o que influencia diretamente a votação no PS e no PSD». Na sua opinião, houve também o “efeito Chega” num distrito «menos desenvolvido, menos aberto a ideias, o que faz com que o Chega também tenha um grande resultado». O candidato diz haver «ainda muito a fazer no interior, nomeadamente a nível fiscal e, portanto, é uma desilusão vermos o PS vencedor novamente».

«Resultado da CDU muito condicionado por estratégia de bipolarização»

A Coligação Democrática Unitária (CDU) continua em queda e este foi o seu pior resultado de sempre nas legislativas no distrito da Guarda.
O cabeça de lista André Santos considera que «tentámos passar a nossa mensagem, mas de facto é muito difícil, a nossa estratégia passa muito pelo contacto com as pessoas e esta situação pandémica também não ajudou, as pessoas não andam na rua». E acrescenta: «Como temos vindo a dizer, todos os dias estamos ao lado dos trabalhadores, amanhã estamos na luta, com condições menos boas, mas não é isso que nos pode desanimar. Foi um resultado que ficou aquém das nossas expectativas e que está muito condicionado por esta estratégia de bipolarização, em que dava a impressão às pessoas que havia uma luta renhida entre o PS e a direita, o que não se verificou».

«Temos de definir um novo rumo para o CDS»

O coordenador distrital do CDS, Fernando Silva, também já reagiu aos resultados para constatar que os resultados «foram maus, muito maus e neste momento aquilo que temos que fazer é uma análise do que levou à obtenção destes resultados, do que realmente correu mal, e definir um novo rumo, planear o que é que vai ser o futuro do CDS e, em consonância com isso, trabalhar nesse sentido. Relativamente à demissão do nosso líder, penso que Francisco Rodrigues dos Santos assumiu claramente os resultados obtidos».

«CDU fica aquém dos objetivos»

Vladimiro Vale, coordenador da Direção da Organização Regional da Guarda (DORG) do PCP, considera que o resultado da CDU na Guarda «não pode ser dissociado de toda a estratégia montada pelo PS para a campanha, nomeadamente a convocação de eleições após o chumbo do Orçamento, que eram desnecessárias. O objetivo do PS não era encontrar soluções para a vida dos portugueses, era sim a maioria absoluta e isto tudo com a colaboração do Presidente da República». Neste cenário, a CDU teve um resultado que «fica aquém daquilo dos objetivos, perdeu votos e deputados. No entanto, mantém o grupo parlamentar pronto para a intervenção e os trabalhadores da Guarda, mesmo aqueles que não votam na CDU, reconhecem o papel imprescindível que o PCP-PEV tem na intervenção e no apoio às suas lutas diárias e do aumento do salário». Vladimiro Vale avisa mesmo que as maiorias absolutas têm tido «resultados negativos para os trabalhadores. A última do PS causou consequências desastrosas no distrito da Guarda, nomeadamente as milhares de escolas encerradas ou o risco de encerramento que a maternidade do Hospital da Guarda correu. Resta agora conhecer a opção do PS e que convergências vai escolher».

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Efigénia Marques

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