Política

Agostinho Gonçalves leva Daniel Adrião à vitória na Guarda

Escrito por Jornal O INTERIOR

Ex-líder concelhio diz que resultado deve fazer «refletir» António Monteirinho, que admitiu «algum desconforto» com derrota de António Costa na secção guardense

A vitória de Daniel Adrião na Guarda nas diretas para a eleição do secretário-geral do PS, cargo para o qual foi reconduzido António Costa sem grande surpresa, deixou a concelhia local em polvorosa.
No sábado, a secção guardense foi uma das poucas a dar a vitória ao único adversário do atual líder socialista e primeiro-ministro, tendo Daniel Adrião obtido 80 votos contra 79 para António Costa. Mais desnivelado foi o resultado para os delegados ao congresso, já que a lista encabeçada por Agostinho Gonçalves, ex-líder da concelhia e mandatário nacional de Daniel Adrião, venceu com 91 votos e elegeu dois delegados, enquanto a lista afeta a António Costa, liderada por Gonçalo Amaral, conseguiu 68 votos e também dois delegados (ele próprio e Marisa Fonseca). A votação está a suscitar várias leituras políticas e até o próprio António Monteirinho já assumiu «algum desconforto» com o resultado. Parco em palavras, o atual líder concelhio admitiu que não era «previsível» que esta situação «viesse a acontecer», mas acrescentou que estas foram eleições internas das quais não se devem tirar ilações. «O PS está focado nas próximas autárquicas e este resultado não influencia nada», disse Monteirinho.
O mesmo considera Alexandre Lote, presidente da Federação da Guarda, que destaca a «clara vitória» de António Costa no distrito. Já Daniel Adrião venceu na Guarda porque foi «a vontade dos militantes, qualquer outra leitura é inoportuna porque a prioridade e o foco do PS são as próximas autárquicas», declarou. Na terça-feira os resultados finais das diretas ainda não tinham sido divulgados, mas no distrito Daniel Adrião elegeu três delegados – dois na Guarda (Agostinho Gonçalves e Anabela Santos Pereira, ex-membro da Assembleia de Freguesia de Gonçalo) e um em Vila Nova de Foz Côa. Para Agostinho Gonçalves, o resultado na sede do distrito é «um claro sinal de que não se pode liderar uma concelhia sem acolher no seu seio opiniões diferentes». Isto porque «a proximidade aos militantes e a diplomacia política são obrigações de um líder, que não deve excluir e perseguir quem pensa de forma diferente, mas deve, isso sim, agregar e envolver».
O mandatário nacional de Daniel Adrião sublinhou que este desfecho deve fazer «refletir» António Monteirinho porque «nenhum resultado eleitoral deve ser ignorado». «Se não o fizer será cometido um erro político muito grande», avisa, acrescentando que o mandato do líder concelhio terá se der avaliado no momento certo. «Os militantes terão a palavra para escolher a liderança que julguem mais capaz. Essa será a oportunidade de perceber, caso se recandidate, se a base de apoio de António Monteirinho se mantém, se aumentou ou diminui», referiu Agostinho Gonçalves. A nível nacional, António Costa foi reeleito com 94 por cento dos votos, enquanto Daniel Adrião, que disputou a liderança do partido pela terceira vez, obteve 6 por cento. Recorde-se que António Costa é secretário-geral do PS desde novembro de 2014.

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