Urgências?

Escrito por Diogo Cabrita

“Tudo isto, que é do domínio da prevenção, da educação e da formação pré-hospitalar, aquilo em que o PS menos tem investido, e que mais lucros traria ao país e à população, foi até agora deixado ao Deus dará – diz que Deus diz que dá, mas para já… demagogia.”

Um Portugal com gente com má saúde: a saúde oral é um estado calamitoso. A saúde mental é uma amargura. A nutrição é a rainha de uma epidemia multipatológica que envolve os excessos de hidratos de carbono, a falta de verdura, a má confeção de alimentos e, claro, a obesidade como fonte da diabetes, da hipertensão, da obstipação, da dor nos joelhos, das doenças psiquiátricas, das doenças inflamatórias intestinais.
A falta de exercício, a ausência de incentivo ao desporto quer escolar quer nas instituições, carrega consigo inúmeros problemas como ausência de incentivo à elegância postural, ausência de formação para carregar pesos, ausência de conhecimento mínimo sobre as consequências de uma má cadeira, de um computador mal colocado, um esforço mal doseado ou medido, uma tarefa em posição viciosa. As baixas por dores são inúmeras, as de inadaptação psíquica estão a aumentar, os males da alma, e as teimosias dos trabalhadores também não ajudam.
Tudo isto, que é do domínio da prevenção, da educação e da formação pré-hospitalar, aquilo em que o PS menos tem investido, e que mais lucros traria ao país e à população, foi até agora deixado ao Deus dará – diz que Deus diz que dá, mas para já… demagogia.
Com toda esta patologia os doentes procuram diagnóstico e tratamento e poderiam recorrer a vários lugares – consultórios médicos (como em França e no Luxemburgo, onde o dinheiro segue o doente), clínicas, centros de saúde, medicina de proximidade. Esta podia ter a possibilidade de ativar meios complementares de diagnóstico céleres e também próximos. Podia ainda ter facilidade de encaminhar para resolução em clínicas aquilo que não é grave, mas é urgente pois condiciona dor, grande desconforto, apesar de não colocar a vida em risco. Esta opção de não usar recursos privados ou das Misericórdias, ter construído um sem número de dificuldades à prática livre da medicina e enfermagem, foi a estratégia socialista contra os pequenos. Agora vão todos bater à porta das Urgências. Falta dinheiro para ir à privada e faltam outras portas de entrada no sistema.

Sobre o autor

Diogo Cabrita

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