Finalmente, não temos governo. Uns dias sem executivo e já se notam melhorias. As urgências continuam fechadas e ainda há alunos sem professores, mas António Costa não tem nada a ver com isso. Se ao menos ainda houvesse governo, esses problemas teriam sido resolvidos nesta primeira semana de Dezembro. Como a Procuradoria cometeu um golpe de Estado, o primeiro-ministro perdeu a oportunidade de, agora é que era, melhorar todos os serviços públicos. António Costa, depois de oito anos em S. Bento, deixa a governação sem nenhuma responsabilidade sobre a situação do país. A culpa, já se sabe, é de Passos Coelho, que governou durante quatro anos, e saiu do cargo em 2015.
Felizmente, já não há governo. Agora, o país que se desenrasque sozinho, qual Fernão Mendes Pinto à deriva pela Ásia. O filho do presidente mete umas cunhas para ajudar amigos? E então, quem é que nunca pagou um pastel de nata ao arrumador para não lhe riscar o Mégane? O assessor do PM saca o guito que lhe aparece? Que mal é que tem, quem é que nunca aceitou uma prendinha para fechar os olhos à papelada mal preenchida? Ninguém nos governa. Mas a gente cá se governa.
Fatalmente, o governo acabou. Foi-se. Os resultados dos alunos portugueses nas provas PISA foram desastrosos, mas o ministro não sabe porquê. E realmente, como é que poderia saber, se não conversa com os professores? Diz que talvez tenha sido da pandemia. Com certeza, a diminuição das capacidades dos petizes é resultado do contágio. O ministro sabe lá a razão por que Portugal foi um dos países europeus com as escolas encerradas mais tempo, e o único da União Europeia que manteve as escolas primárias fechadas para lá dos primeiros sustos. Foi o coronavírus que manteve os alunos em casa sem qualquer forma de aprendizagem, não foram decisões do governo. E se não se voltou para a escola, não foi com certeza responsabilidade do governo dos Costas, António e João. A culpa foi – e será sempre – de um vírus asiático ou de Passos Coelho.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia