Na luta contraditória entre o ser humano e o cidadão reconhece-se que essa anomalia recorrente que tem por nome abstenção continua a crescer a olhos vistos, sendo considerada uma das características do regime que vivemos, sem esquecer que urge urgentemente mudar o velhinho sistema eleitoral que teimamos em manter.
O PS ganhou, o PSD perdeu e, ao que parece, ninguém que fosse líder do laranjal conseguiria tão bom resultado como Rio. Surpreende-me, isso sim, que os passistas, que quase nos puseram de tanga, queiram agora regressar.
A política tem História, é feita de estórias, de eventos, de testemunhos, de atitudes, que a memória não esquece, tem ciclos, e quem assim não pensa entra num processo deveras estapafúrdio alinhando em opiniões e comportamentos de certas e determinadas aves agoirentas, papagaios-falantes e mandantes de recados, quais (des)virtuosos mentideiros comentadores e pretensos politólogos.
Numa análise rápida ao que por cá se passou, diga-se que o resultado determina inúmeras leituras que têm forçosamente de serem feitas, concelho a concelho, em todos os 14, na perspetiva das próximas autárquicas, onde alguns atores, mesmo com terreno favorável, não souberam ganhar e, tendo em conta o princípio universal “em política o que parece, é”, as ilações têm forçosamente de serem tiradas e as consequências do que se passou devidamente assumidas.
A grande vitória da noite de 6 de outubro vai para o Partido Socialista, em geral, e para Ana Mendes Godinho, em particular, pois independentemente da imposição do secretário-geral socialista, a cabeça de lista fez uma campanha deveras interessante, conquistou, pela simpatia, os corações dos beirões executando impecavelmente o número do toca a rebate, sabendo unificar todas as pontas partidárias de tantos “camaradas” desavindos.
Ana Mendes Godinho, agora promovida a ministra, tem neste preciso momento a possibilidade, quiçá a obrigação, de apresentar a sua candidatura à presidência da Federação da Guarda do PS, obtendo desta forma o reconhecimento e talvez o consenso, coisa que há muito tempo não se vê.
Seguir-se-á a resolução do complexo processo “Hotel de Turismo” e, admitindo todas as desavenças autárquicas conhecidas e mais que identificadas no laranjal, o PS ao afirmar novos e outros atores ou atrizes, com créditos adquiridos, a aposta vai obrigatoriamente para a autarquia mais desejada do distrito podendo esta ficar ao alcance do tal clique rosáceo. A ver vamos…
Com a direita completamente desfeita, o PSD em cacos, percebe-se que nem a cola mais forte da loja chinesa fará milagres e, neste processo de autoflagelação restará apenas pedir a intervenção divina para conquistar esse centro político indo provavelmente em peregrinação a Assis, à cidade de Francisco, pedir emprestada a liderança nesse discurso que já foi, mas que pode voltar a ser causa e efeito que determine um novo brilhozinho nos olhos. Dava jeito a todos e, quer se goste quer não, haverá nova técnica naquilo que é a celebre transferência de mercado. Quiçá, desta forma os rosáceos, agora vencedores, possam dar preciosa ajuda. Para bem de todos. Para que possa haver oposição e alternativa.