Pássaros feridos

“Tão importante como passar pelo sofrimento, é saber fechar o seu ciclo, há quem lhe chame luto.

Remoer a história por tempo indeterminado, é alimentar o ressentimento, a tristeza, o ódio e outros sentimentos que nos roem por dentro, ao ponto de nos tornarmos pessoas amargas, zangadas com tudo e com todos.”

Agora que ativamos a sensibilidade e o bom senso a semana passada, tenho uma coisa para vos contar.

No outro dia cheguei ao escritório da Consultora da Desordem e deparei-me com uma manifestação de pássaros zangados. Eu prometi voos que eles achavam que nunca poderiam realizar.
Um queixava-se das asas demasiado pesadas, outro era o salvador e não podia viver a sua vida, outro sofria de vertigens, enfim, podem imaginar as desculpas que cada um trazia para não cumprir com o seu propósito: voar livre e leve.
Hoje o tema é sobre as feridas emocionais.
O que acalmou estes pássaros, foi perceber que cada um de nós tem as suas feridas e por isso, fazemos todos parte de um grande clube – chama-se vida.
Em algum momento da nossa história, soubemos o que é a rejeição, o abandono, a injustiça, a traição ou a humilhação.
Estes eventos marcam-nos de tal modo, que se tornam nas tatuagens da nossa alma.
Graças a eles somos quem somos, descobrimos a nossa força, capacidade de superação e aprendizagem.
Tão importante como passar pelo sofrimento, é saber fechar o seu ciclo, há quem lhe chame luto.
Remoer a história por tempo indeterminado, é alimentar o ressentimento, a tristeza, o ódio e outros sentimentos que nos roem por dentro, ao ponto de nos tornarmos pessoas amargas, zangadas com tudo e com todos.
Muitas vezes a realidade é tão dura que preferimos não ver, entramos em negação. Faz parte do processo, mas o que nos permite ultrapassar estes momentos é a fase seguinte – a aceitação.
Aceitar tudo e deixar que o corpo sinta e manifeste o murro que levou no coração.
Passada a fase de aceitação, é importante perceber qual é a aprendizagem relevante a retirar e, a seu tempo, virá o perdão.
Don Miguel Ruis, no seu magnifico livro sobre as 4 Verdades, explica isso bem e vou citar:
“Temos de perdoar quem nos fez mal, não porque essas pessoas o mereçam, mas porque nos amamos a ponto de não querermos continuar a pagar por esta injustiça.”
Por isso meus queridos pássaros, curar as feridas é, acima de tudo, um gesto de amor que damos a nós próprios. Quando deixamos de ter reação emocional ao que nos fez mal, é porque fechamos um ciclo e estamos prontos para novos voos.
Esta sensação traz-nos paz e é mesmo libertadora, quem já passou por isso sabe bem do que falo.
Para quem quiser aprofundar este tema, sugiro o livro da Lise Bourbeau sobre as 5 feridas que impedem a felicidade.
Olha e tu? Tens algo que te impeça de voar?

Sobre o autor

Catarina Flor de Lima

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