A solução passa, inevitavelmente, pela revitalização da política partidária e pela credibilização da governação pública. Neste último processo, todos nós, cidadãos, temos um papel de importância fulcral a desempenhar. Se os nossos atuais governantes o permitirem, claro está!
É necessário que as instâncias do poder criem as condições necessárias para que qualquer cidadão, mesmo não sendo eleito ou mesmo não integrando qualquer partido político, possa exercer uma participação ativa na vida cívica, influenciando o processo de tomada de decisão política e reforçando o grau de exigência em relação aos governantes locais, nacionais e europeus.
Com efeito, espero que um dos próximos grandes projetos do município da Guarda possa ser o do aprofundamento da democracia representativa, assente numa maior aproximação e transparência entre “eleitores” e “eleitos” e num maior envolvimento das forças vivas da sociedade civil no processo de tomada de decisão.
Vencida a pandemia, nascerão laboratórios de cidadania por todo o concelho com a missão de promover a cultura democrática e de incentivar a participação cívica.
O local de realização das reuniões de câmara será um espaço mais convidativo à afluência de munícipes que querem questionar ou informar o órgão executivo e todas as reuniões serão públicas e transmitidas por videoconferência.
Será constituído um novo órgão autárquico, de natureza consultiva, constituído por representantes dos diversos setores da sociedade civil, trazendo à discussão os verdadeiros problemas das populações e dos territórios e aconselhando o executivo no seu processo de tomada de decisão.
Estas medidas serão acompanhadas de outras e, no seu conjunto, poderão inspirar outros municípios a seguir o mesmo caminho do aprofundamento da democracia representativa local.
A revitalização da política partidária afigura-se como tarefa bem mais complexa, mas uma coisa é certa: no momento em que vivemos todos os que acreditam verdadeiramente na democracia devem estar dispostos a repensar a sua atuação e a dar as mãos para a salvaguardar.
A democracia não tem cor partidária, nem posição político-ideológica. A cor da democracia é a transparência e quanto mais transparente melhor! A posição da democracia é a proximidade e quanto mais próxima melhor!
Ou então, poderá perguntar uma criança, de que servem as perguntas simples se somos incapazes de perceber o óbvio?
* Ex-presidente da Federação Distrital da Guarda do PS