Olhos

Escrito por Diogo Cabrita

“Os olhos nunca são demais
Como as câmaras nas carroçarias
Como analgésicos em gente dorida.”

Como se não houvesse mais
Como se fossem os últimos
Como se apagássemos o mundo
Os olhos vão.
Como se destemido o breu
Viesse ocultar as tristezas
Viesse escurecer a vida
Os olhos fecham-se.
Uma vida descolorida
Um tempo sem demências
Dias sem extravagâncias
De olhos cerrados.
Os olhos nunca são demais
Como as câmaras nas carroçarias
Como analgésicos em gente dorida.
Se pusesse numa mesa os órgãos
Que não gostaria de perder
Lá estava o coração, o cérebro,
Lá estavam os olhos, as pernas, as mãos
E tudo o mais
Que ser inteiro é que é cor,
É que é – vida!

Sobre o autor

Diogo Cabrita

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