O abandono do Estado

Escrito por Diogo Cabrita

“O Estado é o maior incumpridor das leis e o maior predador da imagem nacional, deixando tombar muralhas, castelos, palácios e instituições. Podíamos fazer uma lei em que o abandono era penalizado, mas tínhamos de recordar o Estado.”

A Parpública é uma estrutura em forma de empresa de capitais públicos e gere coisas como a TAP, a Casa da Moeda, as Águas de Lisboa, a ESTAMO, a EFACEC. Por vezes gere privatizações de objetos mobiliários ou imobiliários do Estado com criação de lucros. Outras vezes é condenada em tribunal, como em 2021, a propósito de uma das equipas de gestão da TAP que conseguiu 1,7 milhões. Na Parpública sobem à liderança sobretudo os amigos do partido do Governo e claro que, nas subsidiárias, de igual modo se come a ceia, estando atualmente inundadas de ex-membros do executivo da Câmara de Lisboa do tempo Medina – perdido num lado, recuperado noutro. São todos funcionários públicos e gerem os bens públicos. A ESTAMO é uma sociedade que tem por objeto a compra e venda de imóveis do Estado.
Entre a ESTAMO e a Parpública, algumas hastas públicas, algumas reuniões com Ministério da Defesa, Ministério da Educação, Ministério da Justiça, Ministério da Saúde e Câmaras Municipais colocariam ao dispor do povo e dos empresários milhões de metros quadrados edificados em degradação e abandono.
Já vi património da EDP, da CP, escolar, hospitalar, militar, prisional em todo o país abandonado. O Estado é o maior incumpridor das leis e o maior predador da imagem nacional, deixando tombar muralhas, castelos, palácios e instituições. Podíamos fazer uma lei em que o abandono era penalizado, mas tínhamos de recordar o Estado. Afinal, a ministra sem percurso, sem história, sem currículo de vida, teria um mundo para lavrar ideias conexas. A habitação para estudantes em grande número obrigava milhares de donos de casa a repensar a sua utilização, os seus alugueres. O Estado ou as Câmaras entravam num negócio que tem sido rentável a muita gente e que permite a manutenção e preservação de edifícios. A criação de centros de trabalho para empresas com salas comuns, auditórios rotativos, salas de reunião, localizava pequenas e médias empresas e libertava espaço na cidade. Os centros das cidades devem ser para as famílias, mas as leis têm de ser eficazes para construir acessibilidades à mobilidade, facilitar a construção de elevadores, permitir alterações de estruturas para criar qualidade de vida. Os centros velhos devem ser renovados sem um peso em anos de licenças e custos brutais de burocracia. Há muito para fazer na construção e na habitação, mas o Governo entrou pela porta alheia e fechou a sua.

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Diogo Cabrita

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