O abandonado é do povo

Escrito por Diogo Cabrita

“Realmente não faz sentido os centros das cidades não terem pessoas porque meia dúzia compra casa para armazenar, outros porque não chegam a acordo com os irmãos e optam pela ruína.”

Abordar um tema da atualidade de modo livre. Nunca sou contra porque opositores são a favor, nem vice-versa. Prezo a independência e às vezes com aparentes posições tontas, porque tento virar o cubo da realidade para ver as faces escondidas. Sobre a lei dos arrendamentos e a disponibilização de casas, tenho uma posição próxima do Governo. Realmente não faz sentido os centros das cidades não terem pessoas porque meia dúzia compra casa para armazenar, outros porque não chegam a acordo com os irmãos e optam pela ruína. Há casas de agiotas que compram porque podem, deixam em pousio porque podem, arranjam porque podem e depois vendem porque lhes dá mais jeito para construir lucros importantes. Assim vão desfigurando os espaços públicos, tanto os privados como o inimputável Estado na sua deriva de abandono e de destruição. Parece-me óbvio que o abandono deve ser premiado com impostos elevados, que o edificado em ruína deve ser identificado, exigida estratégia e demonstrado interesse em soluções. O abandono porque não houve herdeiros, não houve qualquer acordo entre eles, pelo que deve ser colocado com prazo de decisão. O terreno debaixo do edificado deve regressar ao povo se o casario sobre ele não tiver qualquer fim. Nesta perspetiva concordo com o Governo. Já não posso compreender porque não constrói parque habitacional escolar, porque não cria mecanismos de apoio social em que o beneficiário é obrigado a cuidar dentro das suas possibilidades. Porque não torna disponível para concursos de ideias e para soluções de negócio os milhões de metros quadrados de que dispõem nas grandes cidades.

Sobre o autor

Diogo Cabrita

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