Mudanças

Toda a nobreza, dignidade e justiça são uma verdadeira sacanagem para todos quantos não são capazes de as atingir e nem mesmo a azia, ou o tal amargo de boca, não apaga a infeção provocada por algum fungo ou pelo refluxo dos ácidos do estômago.
Num jogo carregado de maldade, onde são utilizadas as palavras, não se vislumbra qualquer argumento inflexível contra os desonestos e a conversa da treta, que lhes é transversal, deixa-os felizes na troca do favor (até familiar), na cunha, no tráfego de influências ou no jogo realizado no tabuleiro do poder, trocando, à conveniência e à vez, as pretas pelas brancas.
Dizia Jorge de Sena, «Ser ou não ser eis a questão. Mas isso foi no teatro e o gajo morreu na mesma».
Para além das rivalidades, invejas mesquinhas, Patrice Leconte, in “Ridículo”, retrata o vilão que se aproxima do rei para obter os seus favores utilizando um esquema maquiavélico de dinâmicas políticas que nem o vira-latas lato de José Fouché conseguiria contornar.
Abraham Lincoln disse um dia «Podereis enganar toda a gente durante um certo tempo; podereis enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não vos será possível enganar sempre toda a gente».
Afinal o poeta tem razão quando afirma «O mundo pula e avança». Pois bem, felizmente, virou-se a página.
As organizações precisam de mudar. Todos nós somos seres transitáveis e temos forçosamente de possuir a capacidade de lidar com as novas fronteiras, mesmo trabalhando sob pressão, relacionando-nos de forma substancialmente diferente, sabendo interagir, denunciando todos os males que nos afetam sem censurarmos seja quem for. Caso contrário entramos nessa maldita teia da tirania da comunicação.
Este ato de mudar tem forçosamente de alterar estilos convencionais e algo rústicos, introduzindo uma outra ordem, oferecendo uma nova mentalidade e um diferente comportamento.
Sei a dificuldade que isso implica, mas creio sinceramente que vale a pena tentar.