De Mitsuyo Kakuta, nascida em Yokohama em 1967, foi publicado em 2014. É um tema de alto risco. Uma sequestradora e sua história. Uma sequestrada arrancada ao berço bebé e regressada a uma família destroçada com quatro anos. Uma mulher jovem ferida por uma relação adultera onde um mentiroso a engana a ela e à esposa. O sequestro é parte vingança, parte reequilíbrio dos afetos matados. Há dois livros. O sequestro e o tempo adulto da sequestrada. Num conhecemos outro. Num, abrimos as construções da narrativa da fuga, da aventura e dos desesperos da sequestradora mãe.
Kiwako e Kahoru são dois momentos de uma ternura que a descoberta do crime adoece. Se nunca houvesse o sequestro, como seria a vida delas? Mas se nunca descobrissem Kiwako e ela criasse Kahoru, que destino era possível? A realidade é que o tema é tão arriscado como o icónico “Lolita” sobre pedofilia.
O livro aborda as seitas que atormentaram o Japão, até à insana libertação de gás sarin por uma delas. Aqui, a seita protege Kiwako sem ganhos aparentes. O componente mágico da relação fica para a metade dois, onde a protagonista é a jovem adulta, que um dia foi sequestrada.
No final, estamos quase a ter um reencontro, uma quase queda no azeite mais saloio, quando a autora constrói uma solução airosa, e aberta quanto baste.
É um romance bem escrito, bem narrado, com detalhes ao jeito dos romancistas do final do séc. XIX, sem ganhar as descrições intermináveis desses livros. Recomendaria esta escritora sem favor algum.