Começaram os Jogos Olímpicos. De quatro em quatro anos – ou três, se houver pandemias – temos um fartote de desportos na televisão. Este ano, além de desportos, também há skate e breakdance. Note-se que estes passatempos têm tão pouca dignidade que nem sequer ninguém se deu ao trabalho de lhes arranjar um nome em português. Nem que fosse como se fez com o football – futebol e com handball – andebol e se lhes chamasse sequeite e breiquedanse.
Nestes primeiros dias de competição alguns atletas das olimpíadas foram chamando a minha atenção. Não pelos seus feitos desportivos, de que não faço a mínima ideia, mas pela onomástica. O ginasta Dong Dong, o dueto de saltadoras americanas Cook e Bacon e, com algum destaque, a corredora britânica Ama Pipi, imbatível no que respeita à tolerância e inclusão nestas olimpíadas.
Nos primeiros cinco dias a bandeira portuguesa ainda não tinha sido içada num pódio olímpico. Ao fim do primeiro dia, as Ilhas Fiji já tinham uma medalha de prata. Se houver uns fijianos que queiram imigrar para cá, como fez o Pablo Pichardo, apontamos já ao ouro no râguebi de sete para Los Angeles. Sigam o exemplo do ex-cubano, que nem vão dar pela mudança, já que Portugal, Cuba e as Fiji têm muito em comum: sol, mal e pobreza.
Muito se comentou e criticou a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, principalmente o segmento com trans ou travestis ou extravagantes (sei lá qual é a palavra que se deve usar esta semana). Para esse segmento tenho um adjectivo: não gostei. Mas não gostei nem fiquei ofendido. Essa é a parte boa da criatividade. A foleirice não devia ofender ninguém. Além disso, esse segmento provou a razão do Comité Olímpico Internacional. Não é justo que homens biológicos que se identifiquem como mulheres possam competir nas categorias femininas, e além disso são muito melhores em actuações ao som de disco-sound.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia