Fazem-se contas, muito às escondidas (a)

Meus Amigos,
Continuem escondidos!
As epidemias são como a bomba de neutrões, da nossa Infâmia. Matam vida, a nossa vida, sem destruir infraestrutura. O neutrão da bomba é o virus da corrente epidemia. É um atirador furtivo com arma de alta precisão, um sniper. Está sempre a ver-nos. Cabeça de fora, e, temos tiro em cima. Por isso, não estamos presos, nem confinados, estamos escondidos. Permaneçam assim. O sniper vai, ainda, estar bastante mais tempo, muito activo. E até termos arma para lhe fazer frente é como temos que estar, camuflados, escondidos. Não é cobardia, é coragem constante. Não é a coragem mais fácil, a de impulso, é a de todos os instantes, sem desfalecer, dia após dia.
A partir dos dados que são publicados pela Senhora Ministra, pelos Senhores Secretários de Estado e pela Senhora Directora Geral, da Saúde não é possível, nem predizer(forecast em inglês)(saber quando mas não saber onde ou saber onde mas não saber quando) quanto mais prever(foresee) que é saber quando e onde. A Política tem que fazer, nestas condições, o que sempre fazemos: uma adivinhação. Mas estejamos cientes que é advinhação. Por isso, mantenham-se camuflados, escondidos.
Muito às escondidas, fazem-se contas. As contas que deixo aqui, para que possam ser descobertos erros no cálculo, em especial para o escrutínio dos Colegas competentíssimos Profissionais da Escola de Saúde Pública, do Ricardo Jorge incluindo neste lote de elite os que estão ligados à essencialíssima e experientadíssima em epidemiologia, Medicina Veterinária. Se não houver erro, a conclusão é: com os dados que são recolhidos não é possível nem predizer, nem prever porque têm em si, intrinsecamente, a marca de um fenómeno com comportamento caótico.
Qualquer série de dados obtidos ao longo do tempo, digamos em cada dia, tem a variação dos dados dia a dia. Essa primeira variação designamos por velocidade. Mas, a velocidade varia de dia para dia. À variação da velocidade por dia, a segunda variação, chamamos de aceleração. E, habitualmente fica-se por aí. No entanto, na indústria automóvel sempre tiveram em atenção a variação da aceleração. Apelidaram-na, a esta terceira variação, de abanão (jerk em inglês). E ainda da variação de abanão que é uma quarta variação e etc…. Desde 1972 é publica a descoberta de Lorentz de que quando exite terceira variação e quarta variação é impossível predizer ou prever para acontecimentos que no futuro sucedam apenas uma vez. Esta propriedade matemática ficou conhecida como sendo característica do caos inerente à série de dados que apresentam terceira, quarta, quinta variações não ajustáveis a funções.
Se tomarmos os dados publicados em https://covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal/ e construirmos a série de dados de “Casos Suspeitos” * de 10 de Março até ao dia 18 de Abril (uma série de quarenta dias). Passando o rato pelos pontos vermelhos tem-se os dados em cada dia.

As curvas a negro são as de melhor ajuste, de um polinómio de quinto grau em cima e da curva da logística em baixo. Em especial a da logística mostra que estamos a caminho para o patamar. Mas ainda falta para o atingir. A primeira variação, dCasos Suspeitos, tem muitos pontos fora do ajuste polinomial e mostra que variações de ordem superior existem e portanto a série de dados tem caos inerente e, ainda não é possível, com esta série, predizer ou prever,

Se, veja-se a segunda variação(d2 Casos Suspeitos):

De que não é possível fazer o ajuste por um polinómio ou funcional. E ainda a terceira variação, d3Casos Suspeitos, que ainda é mais clara sobre a previsibilidade que a série de dados não permite alcançar.
A amplitude da terceira variação é bem indicativa de que o caos a la Lorentz está por dentro da série de dados dos casos suspeitos.

Por isso os próximos quinze dias poderão, completando mais a série, vir a retirar-lhe o comportamento característico de caos matemático que impede a previsão. E, assim, sair da zona de advinhação em que ainda estamos. Tudo depende do grau de mobilização, de cada um de nós, nesta guerra biológica contra o atirador furtivo, o sniper que desta vez é um virus. Por isso, e pela sua rica saúde e pela de todos nós,
Mantenha-se escondido, se puder e, mesmo, até se não puder**.
Forte Abraço do vosso FCR

* A série dos casos suspeitos foi a escolhida por que não tem, como as outras, também publicadas, convoluções com outras séries de dados, em particular, a série de dados do número de testes que perturbam, ainda mais, a capacidade de previsão a partir das séries de dados.

** “Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser…”
Fernando Pessoa como Álvaro Campos

P.S. o ajuste das séries de dados foi realizado com e por https://www.mycurvefit.com/

(a) Título da responsabilidade da redação

• Cientista

Sobre o autor

Fernando Carvalho Rodrigues

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