Ter um território classificado pela UNESCO é muito mais do que a obtenção de uma simples marca. Na verdade, estamos perante o reconhecimento internacional do valor incontornável do Nosso património, seja ele natural ou cultural, colocando a serra da Estrela num patamar de excelência, como há muito ela merecia. A classificação deste Geopark Mundial da UNESCO traduz, igualmente, uma estratégia de desenvolvimento territorial assente nas comunidades que vivem e trabalham nos mais de 2 mil quilómetros do Geopark. Estamos, portanto, perante uma mudança de paradigma, uma alteração da forma como vemos, interpretamos e projetamos o território e o seu desenvolvimento, alicerçado numa visão concreta de sustentabilidade nas mais diversas áreas, como a ciência, a educação, a conservação do património e o próprio turismo.
No contexto da atividade turística urge repensar a forma como se promove a Estrela e como o território é “consumido”, sendo premente uma estratégia concertada em todo o território, de modo a que o desenvolvimento turístico constitua uma oportunidade para as populações locais e não contribua para a degradação do maior e mais importante recurso deste Geopark, a paisagem e os seus valores naturais e culturais. Destruir isto é hipotecar a sustentabilidade e o desenvolvimento da mais alta e imponente Montanha de Portugal Continental.
Posto isto, o trabalho em rede, envolvendo parceiros de todo o território, refletindo sobre as necessidades da Estrela e contribuindo para encontrar soluções constitui, em si mesmo, uma importante estratégia de pertença e de envolvimento comunitários, reforçando que os Geoparks Mundiais da UNESCO são estratégias de base territorial, trabalhados com e para as populações. Mas desenganem-se aqueles que pensam que estamos perante uma solução para todos os males. A classificação deste Geopark UNESCO e a estratégia que está associada é uma mudança estrutural e de longo prazo que não se concretizará em qualquer ciclo político, nem mesmo numa geração.
O Estrela Geopark, classificado pela UNESCO apenas em julho deste ano, tem procurado em equilíbrio entre o desenvolvimento e a sustentabilidade, o turismo e a conservação, a pertença e a inovação. Prova disto é o recente Cartão de Sustentabilidade, lançado em junho deste ano e que pretende contribuir para promover os agentes locais, valorizar o território e o destino Estrela Geopark, permitindo, em simultâneo, a criação de um fundo para o desenvolvimento de projetos de sustentabilidade.
Na compra deste “Cartão” o seu portador terá descontos imediatos na nossa rede de parceiros, neste momento com mais de 50 nas áreas da restauração, hotelaria e animação turística, contribuindo com esse valor para a promoção da sustentabilidade da serra da Estrela. As receitas geradas com esta estratégia serão aplicadas em projetos concretos que aprofundem a sustentabilidade deste território, nomeadamente nas áreas da investigação, dos programas educativos, no turismo inclusivo, na conservação e valorização do património natural e na promoção dos produtos locais, atribuindo 20% do valor gerado a cada uma destas áreas.
De facto, ser parte de um Geopark Mundial da UNESCO é muito mais do que ostentar um selo, é repensar o território, estruturar o seu presente e projetar o futuro, com a consciência que fazemos parte de um território cujo seu património ultrapassa as suas fronteiras, sendo hoje pertença da Humanidade!
N.R.: Esta é uma colaboração mensal do Geopark Estrela para divulgar o seu património e atividades relevantes para a sua afirmação. Os textos e fotografias são da responsabilidade da equipa técnica do Geopark.