Um processo coletivo faz-se “entre amigos” ou com colaboradores. Uma gestão firme é, entre outras, a causa de um sucesso empresarial. “Entre que chove” é ajudar o peregrino ou a visita. “Entra depressa” que a porta se fecha é corrida no metro ou a entrada no elevador. Entrar num círculo restrito é coisa de associação ou de congregação ou de culto. “Entrada de leão e saída de sendeiro” é coisa frequente em tipos bem-intencionados, novos treinadores, lideranças intempestivas, ministérios inexperientes. Entrar não é meter… É transpor uma porta, descobrir a passagem de um limite. Mas entrar em alguém pode estar associado ao mete e tira mais ousado. Uma coisa é consequência, outra é amor. Entrar na alma é ficar para sempre. Meter é só esporádico e pode não ter entrado. Já quem penetra um comando de bandidos é pertença, é parte do todo, é matilha e só sai morto. Estes matizes de meter, ser e entrar, são quase filosóficos e servem para a análise política mais firme e para a pós verdade mais hedionda. Ele meteu-se com ela, não é parecido com ele meteu-se nela e, no entanto, são ambas assédio. Ele entrou na maçonaria não o torna maçon – há um percurso, há uma aprendizagem e ser aprendiz não forja um mestre. Hoje esta selvagem linguagem ambígua constrói distorções pérfidas para criar notícias falsas, quase verdades exóticas, como Louçã a aproximar o juiz Carlos Alexandre do partido Chega. Há milhares de arguidos que nunca serão condenados porque assim se fez justiça. Entrar no tribunal não significa metido no crime.