Em Belmonte, o “Caminho” é a cultura

A agricultura, o comércio ou a indústria de confeções ainda são relevantes no concelho, mas a cultura em Belmonte é há muito o mote para contrariar a síncope anunciada do despovoamento e da interioridade.

O turismo tem uma relevância em crescimento, mesmo em ano de pandemia, assente em premissas culturais, da comunidade judaica ao património arquitetónico, mas a sede do concelho onde a Cova da Beira começa tem-se sabido reinventar.

Os museus trazem todos os dias pessoas à vila e o novo projeto para “Centum Cellas” contribuirá para a afirmação de um centro de vida cultural intenso.

Os festivais de cultura são há muito uma referência no panorama regional. Da poesia ao teatro, em Belmonte a resiliência faz-se com cultura.

E mais agora, em tempos de Covid-19.

Enquanto todos nos lamentamos pelas muitas festas que não se fizeram, pelas romarias que não saíram à rua, pelas vozes que não ouvimos ou pelos passos de dança que não executámos, em Belmonte vamos poder «dançar num baile imaginário», como comenta a coreógrafa Filipa Francisco no “Público”, a partir desta sexta-feira e até domingo, no anfiteatro do castelo. Uma peça em que o “Caminho” se faz dançando; um espetáculo que permite o regresso da agitação cultural a Belmonte. Depois segue para a Guarda, dia 12, para Coimbra, dia 19, e depois para o Fundão, dia 26.

Apesar da pandemia, a cultura volta ao centro da vida. Porque não há outro caminho.

Num ano em que a candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura tem de ganhar fôlego e conquistar parceiros, envolver todos os concelhos da região (17) e replicar por toda a região as dinâmicas de vida e intensidade cultural que já se vislumbram em Belmonte tem de ser o caminho. Até lá, vamos viver o «baile» solitário do “Caminho” no castelo de Belmonte.

 

 

Sobre o autor

Luís Baptista-Martins

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