Do termoscópio ao termómetro

Escrito por António Costa

“Este instrumento, inventado por Galileu em 1952, consistia num recipiente de vidro cheio de álcool, ligado por um tubo capilar a uma ampola cheia de ar, de maneira que as mudanças de temperatura faziam variar o volume ocupado pelo ar fechado na ampola, o que provocava um deslocamento do nível do líquido no tubo.”

É habitual considerar Galileu o inventor do termómetro, mas isso não é totalmente exato, visto que aquilo que inventou foi o termoscópio, que podemos considerar o instrumento precursor do termómetro.
A principal diferença entre os dois aparelhos é que o termómetro tem incorporada uma escala graduada, algo que não acontece no termoscópio. Este instrumento, inventado por Galileu em 1952, consistia num recipiente de vidro cheio de álcool, ligado por um tubo capilar a uma ampola cheia de ar, de maneira que as mudanças de temperatura faziam variar o volume ocupado pelo ar fechado na ampola, o que provocava um deslocamento do nível do líquido no tubo.
A partir desse primeiro termoscópio e de alguns outros aperfeiçoados pelo próprio Galileu, em 1612, Santorio inventou o primeiro termómetro clínico da história, incorporando uma escala graduada no aparelho. A Santorio, bem como a outros médicos da época, interessava saber como as condições meteorológicas afetavam a saúde das pessoas; por exemplo, queria perceber qual a influência dos ventos fortes. O contágio de doenças através do ar fez com que entre a classe médica despertasse um grande interesse pela meteorologia, tanto no Renascimento como durante o Iluminismo.
Em 1623, Santorio desenhou um higrómetro baseado no alongamento de uma corda, mas não foi o primeiro a fazê-lo. A medição do conteúdo da humidade do ar já interessara, por volta do ano de 1500, a Leonardo da Vinci. Este concebeu um desses instrumentos aquando do seu regresso a Florença, depois da fase milanesa, onde trabalhara para os Sforza. O higrómetro de Leonardo consistia numa balança de dois pratos. Num deles havia uma bolinha de algodão, que é uma substância higroscópica, capaz de captar água do ambiente, aumentando de peso. No outro prato da balança colocava-se uma bola de cera, um material que se mantém inalterável independentemente do conteúdo de humidade do ar. Se o ambiente fosse húmido, o algodão empapava e a balança desequilibrava-se. Nas palavras do próprio Leonardo, o seu instrumento servia “para saber a qualidade do ar quando vai chover”.

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António Costa

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