Costa chegou finalmente ao estatuto que sempre desejou. Depois de anos remetido ao âmbito nacional, tem agora o lugar na Europa para o qual sempre trabalhou, e que realmente merece. É-lhe reconhecido que sempre defendeu Portugal com denodo, e tudo fez para conquistar e manter o seu lugar. Mesmo que algumas vezes pareça ter muita sorte, Costa merece o sucesso que alcançou: ser o primeiro guarda-redes a defender três penaltis num desempate num Europeu de futebol.
Outro Costa, hoje muito menos coberto de fama do que o anterior, foi escolhido pelos chefes de governo da União Europeia para ser o Presidente do Conselho Europeu. Este Costa é também um defensor esguio, com golpes de asa e de sorte, e sempre se mostrou muito capaz de defender penáltis e remates à queima-roupa, e de guardar a baliza de S. Bento juntando à sua frente uma aparentemente frágil defesa a três entre socialistas, comunistas e bloquistas.
Se Diogo mereceu o prémio de melhor jogador no encontro entre Portugal e Eslovénia, António Costa pode bem justificar o prémio de melhor jogador de todo o Europeu, fingindo que tinha sofrido um golo na própria baliza, quando afinal estava a fintar Orban e Fico, picando a bola por cima de Meloni e atirando para a baliza deserta, marcando um golo de belo efeito, e que lhe deu uma vitória incontestável à beira dos descontos.
No futebol e na política não importa o que fica para trás, um jogo ou uma economia moribunda, uma selecção ou um país a arrastar-se no campo sem ideias de desenvolvimento. O que importa é que os Costas nos vão dando umas alegrias, mesmo que seja para, no fim, no futebol e na política, acabar sempre a perder para os franceses.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia