Cante contínuo

“Enquanto a contígua cantiga que se tem cantado continuar, conta, com temor e com tempo, com os cordiais que te cortarão a corda de que discordas.”

Quando o continente contém o conteúdo, canta-se a continência.
Mas quando o conteúdo se tem em boa conta, decanta-se o quanto vai, a quente, para canto.
Continua a quantidade de canteiros do Kentucky em contentes cantigas.
Nos quartéis, a carta de quatro em cada quarto, a queda de quanto encanta a cantilena de Kant.
Conta-se que quando contou quantos cactos continha o quarto, a condessa condenou o contador à condição de cantor.
Quantos quentes cantos contam com tantas conchas? Quem tem, que te conte.
Quem tem, contigo, quase tudo o que te acalenta, contempla o que traz continuamente.
Continuo, contudo, com tudo contingente.
Enquanto a contígua cantiga que se tem cantado continuar, conta, com temor e com tempo, com os cordiais que te cortarão a corda de que discordas.
Quando quem dá conta do quanto o quintal que tem é um contentor, contenta-se com templos e temporais.
Quem tem quantidades de incontáveis contos para contar, continua cantando, contendo com tanta candura o quanto de cada quarto cabe no conteúdo das cartas, contentes ou com dentes.
Quem tem tempo, continua. Quem tem talento, continência.
Quem não tem, é este ornitorrinco.

* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia

Sobre o autor

Nuno Amaral Jerónimo

Leave a Reply