A publicação há uma semana dos “rankings” das escolas do ensino secundário mostra-nos que, apesar dos indubitáveis avanços sociais e económicos da democracia saída do 25 de Abril, há muito por fazer para pôr a funcionar com eficiência o elevador social em Portugal.
É ainda a condição socioeconómica dos pais o principal preditor do sucesso escolar de cada aluno, mostrando que os ensinos básico e secundário não garantem a igualdade de oportunidades. A consequência é que, sendo o país o que é, boa parte das escolas que têm resultados piores se espalham pelo interior.
Esta questão terá de ser trabalhada para compensar e corrigir no ensino superior as desigualdades que os seus novos estudantes transportam do seu percurso escolar anterior. Vale por isso a pena chamar a atenção para a forma como certas autarquias estão a promover os seus estabelecimentos de ensino superior e, por essa via, a tornar os tecidos sociais do seu território mais competitivos e capazes de produzir riqueza.
Os casos de Bragança e de Castelo Branco são ilustrativos da forma como os seus diferentes autarcas, ao longo de vários mandatos, perceberam as vantagens estratégicas para as suas populações de apostarem nos respetivos institutos politécnicos. Com isso ajudaram-nos a vencer dificuldades e a projetarem-se mais do que estes, sozinhos, teriam conseguido.
A Câmara da Guarda terá de pôr os olhos nestes exemplos e adotá-los para o Instituto Politécnico da Guarda (IPG). Terá de mudar a sua atitude para aquele que é a maior “máquina de fazer jovens” neste concelho, ajudando, subsidiando, valorizando o grande promotor de conhecimento, de ciência e de cultura do distrito.
Pode, aliás, começar por acabar com um contrassenso. A Câmara Municipal da Guarda dá – e muito bem! – bolsas de estudo a todos os estudantes do concelho que entram no Instituto Politécnico da Guarda. Com isso promove a fixação de jovens na cidade e contribui para a qualificação da sua população residente.
O que não faz nenhum sentido é que, ao mesmo tempo, atribua bolsas de igual valor a quem vai estudar para a UBI, na Covilhã. Porque carga de água é que os recursos do município da Guarda andam a promover uma universidade que, não só fica noutro concelho e noutro distrito, como concorre diretamente com o IPG? Porque é que os recursos da Guarda andam a servir para atrair estudantes da Guarda para a Covilhã?
Este é um exemplo de uma coisa que deve mudar. Fica a sugestão para os programas eleitorais dos diversos partidos nas próximas autárquicas.
A Câmara da Guarda deve apoiar mais o IPG
«Esta questão terá de ser trabalhada para compensar e corrigir no ensino superior as desigualdades que os seus novos estudantes transportam do seu percurso escolar anterior»