O ex-jogador de futebol Tarantini é o primeiro profissional da modalidade em Portugal a conseguir o grau académico de doutoramento em Ciências do Desporto, obtido na Universidade da Beira Interior (UBI).
O antigo médio, de 38 anos, que começou a carreira sénior no Sp. Covilhã e se notabilizou ao serviço do Rio Ave, na I Liga, viu a sua tese ser aprovada por unanimidade por um painel de seis docentes da UBI. Tarantini – ou Ricardo Monteiro – licenciou-se em 2006 enquanto jogava no Sp. Covilhã e concluiu o mestrado em 2014, tendo desenvolvido a tese de doutoramento nos últimos cinco anos, com orientação do docente do Departamento de Ciências do Desporto da UBI, Bruno Travassos. Subordinado ao tema “O perfil atlético dos jogadores de futebol portugueses nos últimos 50 anos”, este trabalho de investigação, com três artigos já publicados em revistas internacionais da especialidade, aborda o desenvolvimento das carreiras dos futebolistas e o planeamento do seu final na sequência do projeto que criou e denominou “A Minha Causa”.
«Verifiquei que não havia dados sobre o percurso de carreira do futebolista português e procurei obter ferramentas e conhecimento para criar um projeto de investigação, que me permitisse ajudar os outros», adianta Tarantini. Uma das conclusões é que, «ao perceber a identidade atlética e empenho que o jogador coloca na sua profissão, podemos verificar a influência e consciência colocada no planeamento na carreira, e na preparação do seu término para que a transição, no final, seja feita com mais qualidade», refere o agora treinador, segundo o qual a aposta nos estudos universitários teve como objetivo obter «ferramentas para abraçar outras áreas em caso de não vingar na modalidade».
«Claro que não foi fácil, passei por algumas privações pessoais, mas senti que através do conhecimento académico estaria mais preparado para qualquer cenário no futuro», afirma o elemento da equipa técnica do Famalicão, da Iª Liga, sendo também vice-presidente do Sindicato dos Jogadores, responsável pela pasta da educação. Tarantini espera que o seu exemplo possa «inspirar as novas gerações» de futebolistas.