CECÍLIA REIS ALVES DOS SANTOS
Investigadora do Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS) da UBI Idade: 55 anos Naturalidade: Portuguesa Profissão: Professora universitária (Prof. Associada com Agregação) Currículo: Licenciada em Biologia Marinha e Pescas pela Universidade do Algarve (1992), Doutorada em Biologia (1999), especialidade de Biologia Molecular pela Universidade do Algarve, fez a Agregação em Biomedicina em 2019. Co-autora de 63 artigos em revistas indexadas e três capítulos de livros. Livro preferido: “Equador”, de Miguel Sousa Tavares Filme preferido: “África Minha”, de Sidney Pollack Hobbies: Leitura, desportos aquáticos, costura e bricolagem.«Felizmente, o glioblastoma é uma doença rara porque o prognóstico com a abordagem terapêutica disponível é muito grave»
P – Como surgiu a investigação da terapêutica para o glioblastoma?
R – Em 2014 fui convidada pelo professor Francisco Cascalheira para fazer parte da equipa de um projeto por ele liderado que foi submetido à Fundação para a Ciência e Tecnologia para estudar o glioblastoma. Esse projeto foi financiado e permitiu avançar com o estudo de alguns mecanismos moleculares e celulares que mostraram ter impacto na proliferação e desenvolvimento destes tumores. O estudo mais aprofundado de uma dessas vias é o objetivo de um projeto que foi submetido este ano à Liga Portuguesa Contra o Cancro e que também foi financiado, o que nos permitirá durante um ano manter uma linha de investigação focada neste estudo.
P – No que consiste o estudo sobre a terapêutica para o glioblastoma?
R – Descobrimos que o bloqueio de um recetor que é expresso em linhas celulares de glioblastoma reduz a proliferação das células, ou seja, diminui a capacidade das células se dividirem.
P – Qual o principal objetivo deste estudo?
R – O projeto visa sobretudo perceber porque é que as células perdem a capacidade de se dividir e também se as nossas observações nas linhas celulares que estudamos se verificam num número mais alargado de linhas celulares, em particular em linhas celulares derivadas de doentes. A confirmar-se, este recetor irá constituir um alvo terapêutico promissor para o tratamento do glioblastoma e talvez até de outros cancros.
P – Quantas pessoas compõe a equipa de investigação e quem são os membros?
R – A equipa é constituída por mim e pelos professores Isabel Gonçalves e Francisco Cascalheira. Contamos com uma estudante de doutoramento que já trabalha neste projeto há cerca de três anos, a mestre Ana Raquel Costa, e dois estudantes de mestrado, a Carolina Lucas, que terminou agora o mestrado com a defesa da tese, e a Inês Matos, que vai começar a trabalhar no projeto em setembro. Contamos também com a colaboração da Mestre Carolina Jorge que está atualmente a trabalhar no gabinete de imagem e projetos do CICS e que pretende fazer o doutoramento no âmbito deste projeto.
P – Quais os principais sinais a que as pessoas devem estar atentas num possível glioblastoma e quais as maiores limitações?
R – Felizmente o glioblastoma é uma doença rara porque o prognóstico com a abordagem terapêutica disponível é muito grave, normalmente os doentes não sobrevivem além dos 18 meses após o diagnóstico da doença. Este é um tipo de tumor agressivo, classificado como grau IV, com enorme capacidade de se infiltrar e crescer ao longo do tecido cerebral. Os sintomas mais frequentes são dor de cabeça, vómitos ou convulsões, alterações da motricidade, visão e até da fala. O tratamento consiste na remoção cirúrgica do tumor seguida de radioterapia e quimioterapia. É um procedimento que diminui os sintomas.
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