«Continuaremos a criar mais benefícios, a alargar a oferta na saúde e a melhorar os serviços que prestamos»

P – Para quem não conhece, qual é o trabalho desenvolvido pela Mutualista Covilhanense? R – É uma associação mutualista com história associativa desde 1895 e fundada em 1930 na Covilhã para prestar serviços de saúde aos trabalhadores têxteis, à época desprovidos de condições financeiras para terem acesso a médico e cuidados de enfermagem. A saúde é a área mais antiga da associação e não só se mantém até hoje, como tem sido reforçada nos últimos anos. Atualmente, a instituição tem um Centro Clínico, uma Farmácia, com condições únicas para os associados, e uma Unidade Móvel de Saúde que desde 2016 serve freguesias rurais do concelho, inclusive com médico de clínica geral. A Mutualista atua em mais duas áreas. Uma delas é o apoio à terceira idade, através da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, do Centro de Dia e do Serviço de Apoio Domiciliário. A outra é a das migrações desde 2020, ano em que criou uma Casa de Acolhimento para Crianças e Jovens Estrangeiros Não Acompanhados a convite do Estado português. O projeto tinha inicialmente uma duração de 18 meses, foi prorrogado por mais seis e terminará no final deste mês, tendo acolhido 32 menores oriundos de campos de refugiados. Tem também um Balcão do Migrante e um Apartamento de Autonomização para jovens refugiados, valências que continuarão. Em paralelo, tem um Gabinete de Inovação Social. P – Porque decidiu recandidatar-se? R – Assumi a presidência da direção da Mutualista Covilhanense em 2014 e tem sido muito gratificante dar o meu contributo para o desenvolvimento de uma associação centenária e que tem crescido de tal forma que hoje é uma das maiores do concelho em número de associados, com quase 3.400 ativos. A instituição alargou a sua atuação a vários níveis, cresceu de uma forma muito sustentada e ganhou 14 prémios nacionais. Tenho muito orgulho nas pessoas e equipas que lidero, em todo o trabalho que, juntos, temos realizado em prol da instituição, do concelho da Covilhã e da região, ao qual é preciso dar continuidade e consolidar nos próximos quatro anos. Há todo um conjunto de projetos implementados, parte deles recentes, que precisam de prosseguir em consonância com as linhas estratégicas que traçámos, como a nova Unidade de Fibromialgia e de Síndrome de Sensibilidade Central e Dor Crónica, criada no ano passado, pioneira no país, ou a própria Unidade Móvel de Saúde que chegará a cada vez mais novos associados. Por outro lado, temos vindo a trabalhar em ideias, projetos novos e candidaturas que queremos executar a curto prazo. A importância de prosseguir com o trabalho desenvolvido, a vontade de continuar a servir os associados e o facto de ter ao meu lado equipas fortes e coesas nos órgãos sociais que transitam para o novo mandato foram as grandes razões para a minha recandidatura. P – Quais as ambições e objetivos para o futuro mandato? R- Trabalharemos com foco redobrado nos associados. Continuaremos a criar mais benefícios, a alargar a oferta na saúde e a introduzir melhorias ao nível dos serviços que lhes prestamos. Além disso, trabalharemos para que a Mutualista se afirme cada vez mais como a primeira e imediata resposta aos associados na Saúde, através das consultas de Clínica Geral, realizando depois o devido acompanhamento e, se necessário, o acompanhamento para o SNS. Na área da terceira idade, vamos criar mais camas e alargar o Serviço de Apoio Domiciliário, em capacidade e serviços, mas à margem de acordos de cooperação com a Segurança Social, para que possamos priorizar os associados. Nos nossos planos está a construção de um edifício de raiz. P – A equipa que o acompanha mantém-se ou fez algumas alterações? R – Mantém-se praticamente toda. A lista que encabecei para o mandato de 2022-26 é constituída por 16 elementos e todos eles já integravam os órgãos associativos. Há só duas pessoas que não podem continuar, por motivos profissionais e pessoais, e tivemos também de realizar alguns ajustamentos em função da entrada em vigor de alterações estatutárias obrigatórias ao abrigo do novo Código das Associações Mutualistas, por exemplo no que respeita ao número de eleitos em cada um dos órgãos e à nomenclatura do órgão dirigente, que passa de Direção a Conselho de Administração. As novidades são os nomes de Filipe Fabião no Conselho de Administração e o de Tânia Correia na presidência do Conselho Fiscal. Tenho ao meu lado equipas experientes e empenhadas, o que me dá muita confiança no futuro. P – Qual a maior dificuldade da Mutualista Covilhanense? R – Neste momento a maior preocupação para as instituições da Economia Social, como a Mutualista Covilhanense, é o atual contexto económico-financeiro provocado pela invasão da Ucrânia e pela brutal inflação e seus impactos. É uma realidade que sucede a mais de dois anos de pandemia provocada pela Covid-19, o que constitui um grande desafio. ___________________________________________________________________ NELSON SILVA Presidente do Conselho de Administração da Mutualista Covilhanense Idade: 49 anos Naturalidade: Covilhã Profissão: Diretor comercial de instituição financeira Currículo: Licenciado em Economia pela Universidade da Beira Interior (1998), com MBA em Ciências Económicas (2003) e Pós-Graduação em Economia Social, Cooperativismo, Mutualismo e Solidariedade (2022); Tem trabalhado sempre no setor financeiro – banca de empresas; Foi vice-presidente da União das Mutualidades Portuguesas e é presidente da Direção da Mutualista Covilhanense desde 2014, tendo sido reeleito este mês para o quarto mandato; Entre 2013 e 2016 foi vereador na Câmara da Covilhã e deputado da Assembleia Municipal da Covilhã em dois mandatos; Presidiu ao Conselho Fiscal da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (1997-1998) e fez rádio durante 10 anos (1888-1998) na Rádio Clube da Covilhã. Livro preferido: “Submissão”, de Michel Houellebecq Filme preferido: “Lawrence of Arabia”, de David Lean Hobbies: Leitura e BTT