Cara a Cara

«Com o “downhill” levamos Seia, Travancinha e a Serra da Estrela a todos os cantos do país»

Cara A Cara
Escrito por Efigénia Marques

P – A equipa de “downhill” de Travancinha é recente. Como nasceu e porquê?
R – Começou esta época e fizeram, neste fim-de-semana, a segunda prova. O historial deste clube é ligado ao futebol, sempre foi, mas chegamos a uma altura em que era incompatível financeiramente manter uma equipa. Era um investimento muito grande e para sustentar o futebol estávamos a deixar para trás coisas vitais do clube… Então tomámos a decisão difícil de terminar com a equipa de futebol do Sporting Clube Travancinha. Desde aí não voltámos a ter desportos federados e já tínhamos sido desafiados pelo município de Seia e pelo vereador do Desporto para sairmos da zona de conforto. Certo dia, em conversa com um amigo atleta de “downhill”, falámos do tema e os meus colegas de direção acharam uma ideia interessante. Percebemos que havia viabilidade financeira, conseguimos apoios preciosos, arranjámos sete elementos fantásticos para a equipa e a aposta está a correr muito bem.

P – A pista no concelho de Seia foi criada há pouco tempo. Também impulsionou a criação da equipa de “downhill” do Sporting Clube de Travancinha?
R – Seia já tinha praticantes de “downhill”, não eram federados, corriam individualmente e suportavam todos os custos. Mas sim, haver uma pista também ajudou. Tivemos um apoio fantástico em Vila Cova à Coelheira, onde está a pista. Na prova do próximo mês, no Algarve, isso já não vai acontecer. Se não houvesse uma pista no nosso concelho não teríamos a massa humana que tivemos a apoiar a equipa no passado fim-de-semana. Acaba por ser um apoio ao nível do município, somos a única equipa de “downhill” e acabamos por ter atletas de várias zonas do concelho e a particularidade de ter uma pista ajudou bastante na nossa decisão. A pista foi construída nos baldios da Junta de Freguesia de Vila Cova à Coelheira. É um “BikePark” gerido pelo município, mas é a Associação de Ciclismo da Beira Alta quem tem feito as intervenções necessárias.

P – Há pilotos do Travancinha a competir no Campeonato Regional, como está essa participação?
R – Estamos a competir em todas as frentes: no Campeonato Regional, na Taça de Portugal e no Campeonato Nacional. Nas duas provas, principalmente em Tarouca, onde decorreu a primeira, estavam os pilotos de topo do “downhill” – os melhores do mundo – e isso fez com que, na classificação geral, os nossos atletas estivessem ligeiramente abaixo. Mas ainda assim temos atletas que se têm classificado em várias categorias. A nível do Campeonato Regional não podemos pedir melhor, fizemos três pódios em Tarouca e continuamos a melhorar. Não pagamos ordenados. Sustentamos as despesas dos nossos atletas, mas mais que isso não podemos dar. Eles acabam por ser uns heróis, são uma equipa coesa e unida e os resultados estão a aparecer. Sabemos que somos um “bebé” no mundo do “downhill”, mas os pilotos têm tido bastante garra e estão a competir e a fazer pódios.

P – Sente que a equipa é capaz de captar mais adeptos para a modalidade na região?
R – Sem dúvida alguma. Muita gente desconhece o “downhill”, é esta a realidade. Muita gente me abordou quando começámos a usar as redes sociais para promover a equipa. Perguntavam o que era aquilo. Se era descer montanhas e montes? Para muita gente é uma novidade, por isso, explicamos, fazemos publicações com vídeos e fotos… Estas semanas informámos as pessoas para nos apoiarem em Vila Cova à Coelheira e resultou. Tivemos uma massa humana fantástica a apoiar e cada vez que um dos nossos atletas descia notava-se muita diferença, os espetadores puxavam por eles. É uma equipa do concelho de Seia e temos um grande orgulho em levar o nome de Seia, Travancinha e da Serra da Estrela a todos os cantos do país.

P – E quanto às próximas provas? Qual é a expectativa?
R – O pedido que fazemos aos atletas é que não se magoem e disfrutem bastante. Eles têm muito poder competitivo, tentam sempre fazer o melhor e os resultados acabam por surgir. Vamos ver o que nos espera na próxima prova, em São Brás de Alportel, em Faro, a 16 de abril. Não há pressão para que ganhem, aquilo que é pedido é unicamente que não se magoem porque todos temos vida no dia a seguir às provas, por isso, o importante é que disfrutem.

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Alberto Monteiro 

Presidente da direção do Sporting Clube de Travancinha

Idade: 43 anos

Naturalidade: Travancinha, Seia

Profissão: Motorista

Currículo (resumido): Ensino secundário na escola Secundária de Seia

Hobbies: descansar

Sobre o autor

Efigénia Marques

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