Cara a Cara

«A qualidade dos vinhos da Beira Interior está muito alta»

Dsc 8511
Escrito por Efigénia Marques
P – Terminou o XVº Concurso de Vinhos da Beira Interior, pode-se dizer que o vinho produzido na região está cada vez melhor? O que destaca desta edição? R – O balanço é francamente positivo. Tivemos cerca de 30 produtores a concorrer e o “feedback” que tive dos jurados – oito senhoras e oito homens – foi que a qualidade geral dos vinhos da Beira Interior está muito alta. Isso para nós, enquanto instituição, é o mais importante. P – Como têm evoluído as pontuações do júri nestes últimos anos? R – Estes concursos têm nas suas regras que os vinhos medalhados só poderão ser 30 por cento do número de amostras em concurso (são as regras da OIV). Se assim não fosse havia seguramente mais vinhos medalhados. P – Quinze anos depois, que balanço faz deste concurso? R – Nestes quinze anos a região fez um trajeto extraordinário e esse mesmo percurso deve-se sobretudo aos nossos associados, que são a razão de ser da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior. Neste período a região cresceu de uma forma exponencial, tanto em termos de novos operadores, como qualitativamente. A realização destes concursos foi fundamental para a afirmação da Beira Interior, que, na altura, era quase desconhecida no panorama nacional. Hoje já há um reconhecimento e uma notoriedade dos nossos vinhos incomparavelmente maior que há 15 anos. Quero aqui deixar, por isso, uma palavra de reconhecimento ao NERGA que foi muito importante na realização dos primeiros eventos e que nos ajudou a projetar a região em termos regionais e nacionais. P – Quais são os efeitos da inflação e da Guerra na Ucrânia no setor? R – Obviamente que a conjuntura é difícil, os preços subiram de uma forma avassaladora e os mercados da Rússia e da Ucrânia fecharam, o que faz com que vinhos que estariam para serem vendidos nesses mercados terão de encontrar novos destinos e isso, naturalmente, cria uma pressão acrescida na distribuição. O que tentamos fazer, nas situações em que podemos intervir, é procurar novos mercados. Exemplo disso são missões inversas com importadores (México, Colômbia, Polónia, Luxemburgo, Bélgica, etc.) que estamos a preparar para que os nossos associados tenham outros mercados para venderem os seus vinhos. P – A Rota dos Vinhos da Beira Interior continua a crescer, qual é o ponto da situação neste momento? R – Felizmente, e apesar da conjuntura – primeiro a pandemia e agora a guerra na Ucrânia – temos vindo a conseguir ter mais municípios connosco neste projeto de promoção territorial que é importantíssimo para complementar o rendimento dos nossos produtores. Temos participado em feiras nacionais e ibéricas dedicadas ao enoturismo, temos parcerias com outras regiões do Centro de Portugal, com o apoio do Turismo do Centro, e parcerias também com as Aldeias Históricas de Portugal, com restaurantes, unidades hoteleiras e naturalmente as adegas dos nossos produtores. Temos ainda uma loja física na sede da Comissão Vitivinícola, para além de uma loja online. P – O primeiro “Guarda Wine Fest” acontece este fim de semana, quais são as expetativas? R – As expetativas são as melhores! Esta parceria entre o município da Guarda, ao qual muito agradecemos a possibilidade de realizarmos em conjunto este evento, e a CVR da Beira Interior vai certamente resultar num evento que queremos que seja uma referência no Verão na nossa região e dessa forma dar a oportunidade às pessoas e aos muitos enoturistas que esperamos receber nesse fim de semana de degustarem e até adquirirem vinhos da Beira Interior e das regiões vizinhas do Dão e do Douro. Também será seguramente uma excelente oportunidade para os nossos emigrantes, que começam a chegar de férias, poderem provar o que de melhor se produz na nossa terra. Eles, seguramente, quererão levar um pouco da nossa região e nada melhor do que uma garrafa de vinho, que simboliza muito mais do que uma bebida. Significa levar um pouco do mosso “terroir”, que mais não é que os aromas e sabores, o saber, o clima, a terra, em suma, levarem um pouco da região para matar saudades. _______________________________________________________________________

RODOLFO QUEIRÓS

Presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior Idade: 48 anos Naturalidade: Marco de Canaveses Profissão: Engenheiro agrónomo Currículo: Licenciado em Engenharia Agrícola pela Escola Superior Agrária de Viseu, com uma Pós-Graduação em Marketing de Vinhos pela Escola Superior Agrária de Ponte de Lima; Detentor do Nível 3 pela Escola Britânica Wine & Spirit Education Trust (WSET); Coordenador da Pós-Graduação em Enoturismo no Instituto Politécnico da Guarda; Vice-presidente da Associação das Rotas de Vinhos de Portugal; Formador na área do Curso de Escanção (Atlas do mundo dos vinhos) no Turismo de Portugal e de Enogastronomia no Turismo de Portugal; Provador em vários concursos nacionais e internacionais Livro preferido: “Equador”, de Miguel Sousa Tavares Filme preferido: “A Vida é Bela”, de Roberto Benigni Hobbies: Viajar com a família e amigos, praticar algum desporto.

Sobre o autor

Efigénia Marques

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1 comentário

  • O nosso país tem muitos bons produtos e o vinho é um exemplo disso!
    Que o bom trabalho continue no obectivo de se promover e divulgar bons produtos, nomeadamente os vinhos da região.