Arquivo

Vultos da literatura portuguesa encontraram-se na Covilhã

Problemáticas do mundo da escrita debatidas por nomes sonantes das letras portuguesas nas I Jornadas de Literatura

Agustina Bessa-Luís, Urbano Tavares Rodrigues, Maria Velho da Costa, Mário Cláudio, Nuno Júdice, Teolinda Gersão e Baptista-Bastos foram alguns dos muitos escritores portugueses que participaram, no passado fim-de-semana, nas primeiras Jornadas de Literatura, promovidas pela autarquia da Covilhã. Cinquenta responderam à chamada, mas outros, como António Lobo Antunes, Rui Zink e José Luís Peixoto não puderam vir por motivos de agenda.

A iniciativa ficou marcada por vários debates em torno das problemáticas ligadas ao mundo da escrita. A jovem literatura portuguesa, as relações entre literatura e memória e o futuro da poesia e do romance portugueses foram alguns dos temas passados em revista ao longo de dez mesas redondas. Para Manuel da Silva Ramos, escritor natural da cidade e organizador do evento, estas jornadas resultaram num acontecimento «raro» e vão ter continuidade, como garantiu Carlos Pinto, que garantiu para o próximo ano a vinda de escritores de expressão portuguesa. Entre os quais um escritor de «renome mundial», prometeu o autarca, para quem o Estado parece actualmente mais apostado numa «cultura de betão, formada por paredes de bibliotecas, cinemas e centros de artes». Para Carlos Pinto, também é importante pensar nos artistas que animam esses espaços e valorizá-los. Um objectivo alcançado nestas jornadas, a par da «projecção da literatura e da cidade enquanto centro de pensamento e de encontro de escritores, que muitas vezes não são devidamente reconhecidos pelos Governos», disse o presidente. De resto, esta primeira sessão vai, ao que tudo indica, dar origem a um livro com as ideias e intervenções explanadas.

Muitos foram os momentos altos do evento. Na manhã de sábado, Urbano Tavares Rodrigues passou em revista o panorama da nova literatura portuguesa. Já à tarde, Agustina Bessa-Luís revelou-se extremamente divertida numa mesa redonda sobre o futuro do romance português onde prontificaram Mário Claudio, Catherine Dumas e Pedro Mexia. Em simultâneo, noutros anfiteatros do pólo das Engenharias da Universidade da Beira Interior, quatro grupos de trabalho debruçaram-se sobre esta temática. Já o futuro da poesia nacional foi abordado por Ernesto Melo e Castro, que aproveitou a oportunidade para anunciar, em primeira mão, que na segunda quinzena de Janeiro de 2006 vai inaugurar uma exposição comemorativa dos seus 50 anos de trabalho, na Fundação Serralves. O convívio entre os mestres das letras continuou no domingo, com uma visita a Belmonte, Manteigas e à Serra da Estrela. Manuel da Silva Ramos, o anfitrião de serviço, disse terem participado neste passeio social 20 escritores, que descobriram o Museu Judaico de Belmonte e o Vale Glaciar. As próximas jornadas deverão acontecer numa data «mais apropriada à presença dos alunos da universidade», adiantou Carlos Pinto.

Sobre o autor

Leave a Reply