1. António Costa tem assobiado para o lado, mas esta semana confirmaram-se as dificuldades de contexto em que o país continua e no próximo ano a despesa pública vai estar congelada, ou seja, não poderá haver contratação de funcionários, nem aumento salarial dos funcionários públicos. Entretanto, a economia abrandou pelo segundo mês consecutivo. Apesar disso, e perante uma Europa que não para na sua dimensão castigadora com a discussão sobre sanções, António Costa confia que não serão necessárias medidas suplementares de austeridade. Porém, ao que parece, já ninguém acredita.
Em Espanha, e apesar de um pacote de medidas extraordinárias, assente no aumento de impostos sobre as principais empresas, serão necessárias medidas adicionais para cumprir a meta do défice em 2017. O país vizinho, cujo crescimento é superior a três por cento e não tem problemas com o seu sistema financeiro, tenta “escapar” às sanções com uma estratégia de crescimento e cobrança de mais impostos, evidenciando um plano claro contra as sanções. Portugal, com uma economia anémica e o sistema bancário em grandes dificuldades, aposta na argumentação técnica e no jogo político da responsabilização – a culpa é toda do governo anterior…
O governo português vai ter de se comprometer com mais cortes na despesa ou então terá de aumentar os impostos. Depois de anos de sacrifícios, em que os portugueses foram esmifrados por um governo que optou pelo empobrecimento, esperava-se que Costa e Centeno enfrentassem a Comissão Europeia com argumentos, capacidade negocial e menos despesa. Mas, entretanto, o que vimos, para além da suposta habilidade negocial do primeiro-ministro – que pode servir para dar corda à geringonça, mas que a Europa repele –, é que temos um ministro das Finanças deslumbrado em Bruxelas e que deveria ter apresentado boa argumentação, seriedade institucional, contas bem-feitas e um plano estrutural para a redução do défice, em vez de ir com rosto de cordeirinho e cachecol da seleção, que pode servir para elevar a autoestima mas que não serve como força negocial, que bem precisamos.
2. Muito para além da promessa eleitoral, a redução dos custos de portagens nas antigas SCUT são uma exigência e um ato de elementar justiça. Por isso, e porque afinal as contas públicas portuguesas continuam a não dar margem para aliviar a carga, seria bom que os cidadãos não se esquecessem de continuar, pelo menos, a reivindicar a redução do preço das portagens. As autoestradas foram construídas para aproximar e contribuir para trazer alguma forma de desenvolvimento ao interior, mas tornaram-se em mais uma dificuldade e custo de interioridade. Pior, transformaram-se numa nova forma de desigualdade e num entrave ao desenvolvimento das regiões mais distantes dos mercados. Como a Comissão de Utentes da A23 reivindica, vamos protestar, vamos apelar ao bom senso e ao cumprimento da promessa de redução do preço por quilómetro, vamos dizer “Portagens-STOP”.
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