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VMER da Guarda cem por cento operacional este mês

Ferido grave num acidente a cerca de 17 quilómetros da Guarda teve que ser assistido pela VMER de Viseu porque a equipa da Guarda esteve inoperacional na manhã da passada quinta-feira. O condutor acabou por falecer a caminho do Hospital de Viseu. Dois dias depois, o serviço de emergência ficou operacional 24 horas por dia.

Este mês, a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) da Guarda tem assegurada a operacionalidade 24 horas por dia, todos os dias. O que não se verificou na passada quinta-feira, quando um homem que ficou ferido com gravidade num acidente no antigo IP5, próximo do nó de Açores da A25, morreu durante o transporte para o Centro Hospitalar de Tondela-Viseu.

Da colisão ocorrida a cerca de 17 quilómetros da Guarda resultou outro ferido ligeiro, a esposa da vítima, que também foi encaminhada para aquela unidade pela equipa da VMER de Viseu. O casal, de 66 e 64 anos, residentes na localidade de Espinheiro (Celorico da Beira) e ocupantes de um Fiat Uno, teve que esperar cerca de uma hora pela equipa de emergência. Isidro Ramos, que foi desencarcerado, ainda foi estabilizado no local antes de seguir para Viseu por decisão da médica da VMER, mas acabou por falecer no trajeto. «Foi uma coincidência infeliz porque tínhamos conseguido a operacionalidade da VMER para fevereiro numa reunião com a direção clínica da ULS da Guarda no passado dia 21 de janeiro», afirma o coordenador da VMER sediada no Hospital Sousa Martins. Assim, desde o dia 1 que há equipas ao serviço todos os dias 24 horas por dia. «A escala deste mês está a cem por cento desde sábado e penso que em março também será possível assegurá-la na totalidade», adianta Tiago Saraiva.

O médico acrescenta que a operacionalidade foi conseguida com o regresso ao serviço de dois clínicos que já tinham trabalhado na VMER e com uma «maior organização dos colegas para se conseguir mais mobilidade para assumir a escala». Entretanto, a partir de dia 20 começa um curso de preparação para a VMER na região Centro que 15 médicos da Guarda mostraram inicialmente interesse em frequentar. «Como nem todos estão disponíveis, formalizamos seis candidatos, mas não é certo que todos eles possam frequentar esta formação devido ao número de vagas atribuídas pelo INEM em função das necessidades das VMER da região Centro», refere Tiago Saraiva. Segundo o responsável, nos últimos meses a viatura tem tido, «em média, 5 a 6 por cento de períodos inop – em que não está operacional – por mês», situações que têm acontecido sobretudo de manhã, quando «há maior dificuldade dos meios, pois os médicos podem estar de serviço noutros locais».

O acidente que vitimou Isidro Ramos foi uma das duas colisões traseiras registadas na manhã da passada quinta-feira no mesmo local, ao quilómetro 149,9 do antigo IP5, no sentido Celorico-Guarda. Segundo o Destacamento de Trânsito da GNR da Guarda, do primeiro acidente apenas resultaram danos materiais. O NICAD, a equipa de investigação criminal de acidentes daquela força policial, esteve no local para apurar as causas do sinistro. No entanto, as autoridades admitem que o possível encadeamento dos condutores possa estar na origem dos choques. Além da VMER, a assistência às vítimas foi prestada pelos Bombeiros de Celorico da Beira com 14 elementos e duas ambulâncias, uma das quais do INEM. No local esteve ainda uma ambulância SIV (Suporte Imediato de Vida) de Seia. Ressalvando que foram «critérios médicos» que estiveram na decisão de transferir os feridos para Viseu, Carlos Almeida, comandante dos voluntários de Celorico, admitiu que «o desfecho poderia ser outro se a VMER da Guarda estivesse disponível e a assistência fosse no hospital mais próximo».

Bloco interpela ministro da Saúde

O Bloco de Esquerda (BE) já questionou o Ministério da Saúde na Assembleia da República sobre a inoperacionalidade parcial da VMER da Guarda.

Segundo o Secretariado Distrital do BE, o requerimento de João Semedo e Helena Pinto foi apresentado na passada quinta-feira. Os deputados querem saber como será resolvida a situação e quando estará definitivamente solucionada. A interpelação ocorreu no mesmo dia do acidente no antigo IP5, a cerca de 17 quilómetros da Guarda, cujo condutor faleceu a caminho do Hospital de Viseu após ser assistido pela VMER daquela unidade hospitalar devido à inoperacionalidade da equipa da Guarda. Em comunicado, Marco Loureiro considera que a situação reflete «o sucessivo desinvestimento na Saúde e a visão economicista que dá origem a que mais uma vez as populações do interior sejam as mais prejudicadas com as sucessivas políticas de austeridade que têm sido tomadas pelo poder central». O dirigente bloquista da Guarda exige ainda que a tutela tome «medidas urgentes que terminem com esta situação, que a nosso ver, coloca em perigo a saúde das populações do distrito».

Luis Martins Acidente que vitimou condutor foi a segunda colisão traseira registada cerca das 8h15 no mesmo local do antigo IP5

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