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Virgílio Bento queixa-se de o terem impedido de “ir a jogo”

Tribunal Constitucional confirmou exclusão das candidaturas independentes à Câmara da Guarda. Baltasar Lopes ironiza que «“quem com ferros mata, com ferros morre”».

Apenas cinco candidatos vão concorrer à Câmara da Guarda nas eleições de dia 29, isto porque o Tribunal Constitucional rejeitou os recursos das duas candidaturas independentes ao município. A decisão foi conhecida na última segunda-feira, tendo o TC rejeitado todas as listas do movimento “A Guarda Primeiro”, encabeçado por Virgílio Bento, e inviabilizado as candidaturas à Câmara e à Assembleia Municipal do grupo de cidadãos “Juntos pela Guarda”, liderado por Baltasar Lopes, devido a irregularidades nos processos de recolha de assinaturas.

Insatisfeito com a sua exclusão das autárquicas, Virgílio Bento garante respeitar a decisão do Tribunal Constitucional, embora tenha a «consciência de que cumprimos todos os procedimentos legais», pois as assinaturas «eram válidas e quem assinou sabia inequivocamente o que estava a assinar». A reação do ex-candidato foi feita na noite de segunda-feira num jantar-convívio que reuniu cerca de 300 pessoas que quiseram demonstrar o seu apoio ao movimento. O antigo vice-presidente da autarquia mostrou-se satisfeito com a presença de tanta gente, um sinal da «força» e da «expetativa que as pessoas depositaram neste movimento», frisando que os partidos fizeram «tudo por tudo para que estas candidaturas não fossem para a frente», aludindo ao que se passou também noutros pontos do país. Virgílio Bento defende que «quem perdeu» com a decisão do TC foi «a Guarda e as pessoas do concelho», salientando que «esta candidatura não surgiu por vontade de nós próprios mas por pressão das pessoas, das Juntas e das associações que não se reviam nas propostas apresentadas e queriam uma alternativa». O ex-candidato sustenta que o movimento por si encabeçado tinha as «melhores listas» a todos os órgãos autárquicos e que «era a melhor solução para a Guarda». Neste sentido, lamenta que «não nos deixaram ir a jogo, ganharam na secretaria que era o que temia. Já tinha dito que eles, como sabem que já perderam no campo de jogo, vão tentar ganhar na secretaria».

Virgílio Bento revelou que não irá agora apoiar nenhuma outra candidatura, assegurando que «os milhares de pessoas que estiveram e participaram connosco não são transferíveis seja para que partido for. São cidadãos de plano direito, têm liberdade e consciência e decidirão qual a melhor atitude a tomar». Sobre a possibilidade de o movimento continuar a trabalhar no futuro, o ex-candidato deixa a porta “semi-aberta”: «A partir daqui não se podem fazer extrapolações. Agora, acho que os partidos deviam olhar com atenção para o que este movimento significou e ao estarem a impossibilitar esta candidatura de ir às eleições estão a frustrar milhares e milhares de pessoas que em nós depositaram uma grande esperança que lamentavelmente viram frustrada», vincou. De resto, defende que «aconteça o que acontecer esta candidatura deixou uma marca muito forte e diferente na maneira de fazer política».

Por seu turno, o número dois da lista à autarquia lamenta que da leitura do acórdão do TC constata-se que «nenhuma das questões concretas que o recurso equacionou em relação à Guarda foi analisada. Pegaram no mesmo acórdão, publicaram no Alandroal, publicaram em Gondomar e publicaram na Guarda. Só mudaram os nomes. Nenhuma questão concreta, e foram várias as provas apresentadas em relação à Guarda, foi analisada». Manuel Rodrigues considera que «quando na mais alta instância assistimos a isto há que repensar o sistema político e o próprio sistema judicial», considerando que «nenhuma estrutura partidária conseguia ter a moldura humana que está aqui hoje [segunda-feira] na qualidade e na quantidade».

Baltasar Lopes garante que se candidata em 2017

Por seu turno, o líder do grupo de cidadãos “Juntos pela Guarda” lamentou «profundamente» a decisão do TC, embora não tenha deixado de mandar uma “farpa” à outra candidatura independente do concelho: «Costumam dizer que ”quem com ferros mata, com ferros morre”. “A Guarda Primeiro” impugnou as nossas listas mas ainda foi mais prejudicada porque não tem nenhum candidato, nós ainda vamos concorrer à Junta da Guarda», frisa Baltasar Lopes, que lamenta a «demora» na decisão, «mas os partidos políticos não têm interesse que os independentes avancem». Para o futuro, garante que será candidato daqui a quatro anos, até porque «disse há alguns meses que se não fosse eleito não me candidataria, mas alguém arranjou maneira de me derrotar na secretaria». Para estas eleições, assegura que não irá apoiar «oficialmente nenhum partido porque a minha candidatura era independente e não estava nas minhas ambições apoiar partidos».

Com a exclusão das duas candidaturas independentes restam apenas cinco candidatos à presidência da autarquia da Guarda: Álvaro Amaro (PSD/CDS-PP), José Martins Igreja (PS), Mário Martins (CDU), Marco Loureiro (BE) e Eduardo Espírito Santo (PCTP/MRPP).

Ricardo Cordeiro Virgílio Bento considera que a sua candidatura «deixou uma marca muito forte e diferente na maneira de fazer política»

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