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Viggo Mortensen, o ator fantástico

Opinião – Ovo de Colombo

Na próxima quarta-feira vamos conhecer os nomeados para os Óscares, cuja cerimónia está marcada para 26 de fevereiro. Entre as surpresas poderá estar Viggo Mortensen, o ator norte-americano que protagoniza o inesperado “Capitão Fantástico” (2016). A prestação valeu-lhe nomeações para os Globos de Ouro, BAFTA e SAG (Screen Actors Guild), pelo que, para muitos, a indicação como Melhor Ator é já uma certeza.

Há quatro anos que Miguel Araújo, que recentemente abandonou os Azeitonas, canta a música “Capitão Fantástico”, um herói improvável que até usa «um revólver de plástico». Também Ben, o pai de família interpretado por Mortensen, é um super-herói sem capa que, contra todas as expetativas da sociedade, se isola com os filhos num ambiente selvagem. Ignorando a crítica e o julgamento dos que os rodeiam, Ben leva as leis da sobrevivência à letra e ensina os filhos a viver longe da modernidade, sem esquecer, todavia, a importância do ensino.

Esta é a apenas a segunda longa-metragem com argumento e realização de Matt Ross, mais conhecido pela sua faceta de ator e pela participação em filmes como “American Psycho” (2000), “O Aviador” (2004) ou “Boa Noite, e Boa Sorte” (2005). Com uma história contagiante e uma fotografia que impressiona e envolve o espetador, “Capitão Fantástico” (2016) explora a consciência social e forma como o bem e o mal são entendidos. Há limites para a autoridade de um pai? Há formas erradas de educar? O que marca a diferença? Quem é a sociedade para a marcar?

Na linha da frente, acompanhado por um elenco jovem promissor, está Mortensen, um ator que, infelizmente, ainda não se conseguiu afirmar na “elite” cinematográfica. No entanto, vem mais uma vez reclamar um lugar que é seu por direito, fortalecendo (talvez) o melhor filme do cinema independente de 2016. Numa altura em que os “blockbusters” são lançados em catadupa, muitas vezes com “mais-do-mesmo”, é refrescante encontrar filmes como “Capitão Fantástico” (2016) e perceber que, apesar do forte investimento nas ideias do costume, ainda há espaço para os “outros” e para criar obras inovadoras.

Sara Quelhas*

*Mestre em Estudos Fílmicos e da Imagem pela Universidade de Coimbra

Sobre o autor

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