Centenas de pessoas assistiram ao funeral da única vítima mortal do acidente, na terça-feira, no Tortosendo. Palmas e lágrimas marcaram a despedida do jovem de 18 anos.
Qualquer viagem de finalistas costuma terminar cheia de histórias para contar, mas esta terminou com a pior de todas. Depois de uma semana em Punta Umbría, no sul de Espanha, já no regresso à Covilhã, a cerca de 100 quilómetros de distância, o autocarro que transportava jovens, entre os 18 e 23 anos, dos concelhos da Covilhã e Belmonte, despistou-se no IP2, na zona de Nisa (entre o nó de Arez e o Fratel).
Do brutal acidente ocorrido no domingo, cerca das 18 horas, resultou uma vítima mortal. João Nuno Fiadeiro tinha 18 anos, feitos a 27 de março, era natural do Tortosendo (Covilhã) e estudava na Escola Secundária Frei Heitor Pinto. Terá tido morte no local do acidente, tendo o corpo sido depois transportado para os serviços de Medicina Legal do Hospital de Portalegre para a realização da autópsia. No mesmo autocarro viajava a irmã gémea, juntamente com outros 46 estudantes, o motorista, que pertencia à empresa Turicorvo e um guia da empresa organizadora, a Xtravel. Três dos ocupantes foram considerados feridos graves e 28 sofreram ferimentos ligeiros, tendo sido transportados para os hospitais de Portalegre, Abrantes e Castelo Branco. Os restantes foram assistidos no local do acidente. A maioria dos passageiros teve alta ainda durante a noite. O motorista, por precaução física e psicológica, apenas saiu ao final da manhã de segunda-feira.
As causas do acidente são ainda desconhecidas, estando a decorrer um inquérito para apurar as circunstâncias em que tudo se passou. Segundo as autoridades no local, o acidente «aconteceu com condições adversas e numa zona com muita sinistralidade». À hora do acidente chovia muito e, à SIC, umas das estudantes que viajava no autocarro disse que o motorista «não estava a conduzir nada bem e não teve atenção à chuva». Admitiu ainda que ela e a maioria dos colegas não usava cinto de segurança. Quando o autocarro tombou os estudantes terão também caído no chão, conseguiram sair da viatura quando um deles partiu um vidro traseiro, tendo contado também com a ajuda do motorista que quebrou o vidro da frente.
Vítimas recebem apoio psicológico
No autocarro viajavam 35 alunos que pertencem ao Agrupamento de Escolas Frei Heitor Pinto, que, de imediato, garantiu que iria «ajudar todos os alunos», embora não tivesse sido a escola a organizar a viagem. Foram mobilizadas a psicólogas da escola para prestar o apoio necessário e também o Centro Hospital Cova da Beira anunciou que Serviço de Psicologia se encontra à disposição dos jovens que sofreram o acidente, colegas e familiares, para atendimento e acompanhamento de forma permanente. A Câmara Municipal da Covilhã também prontamente se disponibilizou para prestar «todo o apoio possível aos familiares e aos próprios alunos». Decretou ainda dois dias de luto municipal e emitiu um voto de pesar.
Modelo das viagens de finalistas «deve ser revisto»
A Associação de Pais da Escola Frei Heitor Pinto, na Covilhã, considera que o acidente registado no domingo, no IP2, com um autocarro que transportava alunos daquele estabelecimento de ensino, demonstra que o modelo das viagens de finalistas deve ser revisto. «Vemos com muita preocupação o sucedido e a prioridade tem de ser a ajuda aos jovens e às famílias, mas também não podemos deixar de apontar que vemos com igual preocupação a forma como estas viagens são organizadas, sem qualquer intervenção das escolas ou das entidades escolares. Portanto, é preciso mudar o figurino destas viagens», disse, em declarações à agência Lusa, José Pina Simão, presidente da Associação de Pais da Escola Frei Heitor Pinto, estabelecimento de ensino onde estuda a maior parte dos alunos que seguiam no autocarro acidentado.
Ana Eugénia Inácio