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Viagem ao passado em Belmonte

Personagens da Idade Média invadiram o Largo do Castelo durante a segunda edição da Feira Medieval e do Artesão

A Aldeia Histórica de Belmonte viajou durante três dias até à Idade Média. Cerca de 40 artesãos de todo o país responderam ao convite do “Alcaide Mor” – ou melhor, da Câmara e da Empresa Municipal de Turismo de Belmonte – e deram vida à segunda edição da Feira Medieval e do Artesão durante o fim-de-semana prolongado no Largo do Castelo. Vestiram-se a preceito e recriaram um verdadeiro mercado popular da época, com a produção ao vivo de trabalhos de madeira, barro, bordados, linho e vime, entre outros objectos e artigos alimentares.

Mas não foram os únicos. Pela praça, passearam bobos, cavaleiros, donzelas, saltimbancos, dançarinos e músicos da Companhia de Teatro Viv’Arte, que recriaram durante as noites do evento um torneio medieval, um assalto ao castelo, um auto-de-fé e uma ceia medieval. Enfim, a história ao vivo, onde não faltou animação e cantares da época, tambores, pandeiretas, gaitas de foles, cavalos, águias, mochos, jogos e farsas, que os actores interpretaram ao pormenor, graças à presença de «professores de História no grupo», explica um dos intervenientes, enquanto se passeia pelo local com cara de “poucos amigos” e de machado na mão. E a satisfação era bem visível no rosto dos expositores, como confessou Mabília Diamantino. Para esta artesã de bordados à mão, do Fundão, devia haver mais iniciativas do género. «A recriação da época medieval inspira-me», acrescenta, dizendo que participa pela segunda vez neste certame. Já Fátima Gama é uma “caloira” e não esconde a satisfação de viver esta «experiência diferente». Para a responsável pela “Flor de Linho”, de Bogas do Meio (Fundão), o único problema «é o calor e, com estes fatos medievais, ainda é mais difícil suportá-lo».

Quem também gostou do ambiente» foi José Joaquim Venâncio, cesteiro vindo de Famalicão da Serra. Apesar de ser uma arte «em vias de extinção», o artesão e a sua esposa mostraram, passo a passo, como se fazem os cestos, do raspador ao entrelaçar da madeira. Menos satisfeita estava Maria de Lurdes Barros, de Viseu, porque os expositores não estavam «todos trajados» e alguns preferiram as cadeiras de plástico para descansar. «Ou traziam um banco de madeira ou uma alcofa. E isso sim, era viver mesmo o espírito», garante, comparando com outras feiras medievais em que participou. Mas para o administrador da Empresa Municipal de Turismo de Belmonte, esta foi uma «iniciativa muito positiva», quer pelo conjunto de actividades, como em relação ao número de visitantes. Germano Fernandes fala mesmo em «milhares» de pessoas de todo o país, sendo que domingo foi o dia mais concorrido. António Barbosa, de Carrazeda de Ansiães, veio de «propósito» para visitar a feira e assistir aos espectáculos. Tinha estado em Belmonte no ano passado por acaso e ficou cativado por a iniciativa ser «fora do normal». A feira teve um orçamento de cerca de 25 mil euros e mais um dia em relação ao ano passado.

Liliana Correia

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