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Vertigem

Bilhete Postal

Que fazer de milhões de desempregados? Que fazer de mais de 20% dos activos dos bancos em crédito mal parado? Que fazer se o Hospital onde nos habituámos a ter as pessoas cobrar contas chorudas? E que futuro tem um país onde as colheitas morrem na terra? Que fazer quando as empresas não conseguem fechar as contas nem pagar os impostos e a Segurança Social? E que esperam os Governos e os grupos europeus da insustentabilidade das exigências, da incapacidade no cumprimento de todos os requisitos para os negócios? Que protecção existe quando nada se concretiza? Que vantagens existe entre a perfeição e a ausência? Eu prefiro um tasco com má aparência, de onde a comida escorre a rodos garantindo higiene por consumo permanente, a um restaurante exótico onde só vão três pessoas por mês e sobrevive de financiamentos por vez de refeições. Eu prefiro um lugar vigiado pelos resultados que um espaço credenciado pelas paredes. Eu escolho um caminho de produtividade e fiscalização de conduta e de satisfação a uma época de exigências que “acreditam”, que cumprem regras ridículas em espaços mortos. Acreditar instituições moribundas com portas especiais, com corredores de sujos e limpos, com higiene a rodos onde não caminha ninguém… tudo isso me lembra a insanidade europeia e a loucura que conduziu à anedota de importarmos de países como a Rússia, índia, China, Brasil (os chamados BRIC) onde se pagam infâmias, onde não se respeitam leis laborais, onde os animais têm nenhuma protecção, onde os sindicatos são uma ridicularia, onde a produção é à custa de quase escravatura. Nós que exigimos tudo aos nossos compramos por preços reduzidos o que obrigámos a produzir aqui de modo caríssimo. E há solução? Há um caminho de excelência, de qualidade inigualável, de perfeccionismo (como a Mercedes, a BMW, a SAAB) mas era preciso que a excelência tivesse compradores aos milhões. Esse é o negócio Alemão que agora exporta para a China milhões de automóveis. Por esta razão a Europa está a chegar ao fim. Os que produzem qualidade inigualável vão ser mais ricos vendendo aos milhões de novos ricos dos BRIC. Depois vem o tempo em que aqueles povos se revoltam e a convulsão social obriga a aumentar os seus preços e os novos ricos já não vendem. A vida na sua dinâmica é isto: uma vertigem ao longo dos anos.

Por: Diogo Cabrita

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