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Vem Aí a Campanha

Há um cartaz novo nas rotundas da cidade. Sobre um fundo azul mostra uma nuvem (?) e nesta os dizeres “A Guarda Tem Futuro”. Nada identifica o produto que o autor da campanha se propõe vender e por isso todas as possibilidades estão para já em aberto. Pode ser um detergente, a propor-nos um futuro mais higiénico, uma miríade de produtos mais ou menos banais, escondidos atrás de um velho truque publicitário, um “reality show” qualquer, passado aqui, ou um político, a quem aquele mesmo truque de criação artificial de expectativa e mistério parece adequado ao lançamento de uma campanha eleitoral.

Não gosto desses truques e aviso já que a minha reacção instintiva é não comprar o produto. Atendendo a que se aproximam tempos de pré-campanha eleitoral para as autárquicas, demos de barato que nos vai ser revelado no mesmo local destes cartazes o nome que por enquanto eles escondem. Voltando aos dizeres na “nuvem” (que é onde está o futuro, segundo a Apple, a Microsoft, a Google e todos os que fornecem serviços como o Dropbox e o Evernote), se a Guarda tem um futuro nas actuais e desgraçadas circunstâncias a expectativa criada pelo cartaz pode ser maior do que a pretendida. É que a pergunta implícita (que futuro?) terá de ser respondida, e não me venham dizer que é tão só um futuro com o candidato X.

A respostas que queremos ouvir dos candidatos, nós, cidadãos da Guarda, nem são muito complicadas: quais são os planos para a Plataforma Logística e para o Parque Industrial? Como se propõe reduzir o passivo da Câmara criado à custa de tantas empresas da região, financeiramente estranguladas e à beira da insolvência com tantas facturas vencidas e não pagas? Como se propõe redimensionar, para números suportáveis, o quadro de pessoal das empresas municipais e da própria Câmara? Qual vai ser a política fiscal, na parte que depende do próprio município: reduzir impostos, para aliviar os cidadãos e as empresas, ou cobrar o máximo possível, para conseguir pagar as contas? Que papel e dimensão se propõe para o TMG?

O nosso futuro passará por respostas a todas estas questões, e não por promessas de mais alguns bibelôs urbanos de fachada, daqueles tão na moda em eleições anteriores e que agora sabemos de fonte certa terem uma utilidade mais do que discutível.

Para além de tudo isto, convirá ainda ouvir de todos os candidatos, incluindo daquele ainda escondido atrás desta nuvem de Junho (passe o jogo de palavras), a resposta à mãe de todas as perguntas: e qual é a estratégia de desenvolvimento, ou recuperação, que nos propõem para os próximos anos?

Por: António Ferreira

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