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Vários Casamentos e Um Funeral

Corta!

Nos Estados Unidos, com a indústria desesperada e desorientada sem saber que fazer com tão fracos resultados de bilheteira em tempos recentes, com a lista de flops a aumentar em número similar aos filmes estreados semanalmente, a comédia Os Fura-Casamentos, veio mostrar que afinal ainda há quem esteja disposto a visitar as salas de cinema. A barreira dos 200 milhões de dólares foi rapidamente alcançada, ao contrário de outras produções de maior visibilidade e orçamento (nomes? A Ilha, Batman ou Reino dos Céus apenas para dar alguns exemplos, mas também se poderia falar dos números do mais recente capítulo de Guerra das Estrelas em Portugal, que nem conseguirá entrar no top 5 dos filmes mais vistos este ano no nosso país).

Não será a mais brilhante das comédias (Billy Wilder também há muito que já desapareceu e infelizmente parece não ter conseguido deixar herdeiros) mas Os Fura-Casamentos consegue revelar-se um filme divertido como já poucos se vêm por aí. É um genuíno produto de entretenimento made in USA, com tudo o que de bom e menos bom isso possa significar. Competente e sem grandes brilhantismos, onde os melhores momentos são doseados sem grandes extravagâncias, mas que lá acabam por surgir, quase sempre nos momentos certos, em que mais necessários são, o filme de David Dobkin (responsável anteriormente por Em Defesa de Sua Majestade, com Jackie Chan, mas que não serve de todo como comparação possível com este seu mais recente trabalho) consegue o que já poucas comédias vão conseguindo: provocar gargalhadas no espectador.

Uma dupla de amigos, aqui interpretada pela dupla Owen Wilson – Vince Vaughn, tem como principal passatempo infiltrar-se em casamentos. Objectivos: bebida e comida de borla e arranjar míudas, que entusiasmadas pelo ambiente festivo, acham eles, e provam-no, são mais fáceis de conquistar. Tudo vai bem até que a paixão habitual, em certo casamento, dá lugar ao amor. A partir daqui tudo muda.

Os primeiros quinze minutos do filme são de antologia. Com uma economia narrativa brilhante, onde a magnifica montagem muito ajuda, a conquista é imediata. A meia-hora seguinte aguenta-se a um nível bastante elevado, e só é pena que a segunda metade perca algum do fôlego inicial, com um final já bastante perto do sofrível, onde a previsibilidade de tudo o que acontece, por pouco, não estraga por completo o que de tão bom aconteceu antes. A comédia, mais para o fim, quase é esquecida, em detrimento de um registo mais romântico. Fosse conseguido um equilíbrio maior entre ambas e Os Fura-Casamentos poderia bem figurar entre os mais interessantes filmes do ano.

No campo das comédias vistas este ano, e recorrendo apenas à memória, sem consultar quaisquer registos, podendo assim cair-se nalgum esquecimento mais grave, este Os Fura-Casamentos, fica uns pontos abaixo de Em Boa Companhia e uns acima de Hitch. Um filme como Life Aquatic é de um outro campeonato e não entra nestas contas.

Por: Hugo Sousa

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