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Vamos ser desagradável

O mais importante para construir é a organização. Logo depois da capacidade organizativa vem a imaginação. Um grupo de gente incapaz de planear e de definir uma estratégia pode presidir a uma obra grandiosa que nunca cumprirá com o objetivo, nunca reduzirá custos, nunca criará soluções inovadoras. Um bando de pessoas não é forçosamente um Conselho de Administração. Um grupo de amigos não é necessariamente uma equipe. Assim definimos a capacidade de entrosamento pela modéstia de cada um no todo. Cada um a correr para seu lado não dá. Cada um a desenhar seu caminho não faz a estrada. Gerir é pois um tratado de qualidades humanas. É preciso envolver, premiar, promover, avaliar, exigir, punir. Tudo isto é inato e os cursos não conseguem ensinar. Conheci dezenas de pessoas com estudos de gestão que a mandar eram uns inaptos. É por isso que estou atento às escolhas dos protagonistas. Para mim uma escolha de pessoas faz um caminho e um grupo de dirigentes faz uma instituição. A dificuldade e a lentidão com que estão a sair das sombras os protagonistas da Saúde para os próximos anos revelam a batalha que se está a travar no PSD e CDS para estes cargos. Há milhares de pessoas em bicos de pés apostando cada um em seus amigos. Das escolhas do Conselho de Administração dependem as escolhas de diretores de serviço e obviamente as sequencias de outras funções. Anda gente louca à espera da última decisão. Há boatos diários que me soam a leilão de nomes para testar reações. Mas tudo isto é pobre e perigoso. Temos de encurtar despesas. Temos de despedir pessoas. Temos de programar trabalho na contrariedade de não haver prémios. Portugal não merecia tanta falta de talento a criar caminhos. Antes das pessoas havia que definir o que se pretende e depois encontrar quem melhor se perfilhava para as tarefas. Temo que vamos viver mais três anos de tragédia.

Por: Diogo Cabrita

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