Joaquim Valente prometeu e cumpriu. A sua lista à Câmara da Guarda resulta de uma renovação total dos candidatos e nem mesmo a Assembleia Municipal escapou. João de Almeida Santos substitui José Martins Igreja, presidente daquele órgão há mais de doze anos. A equipa do candidato socialista foi apresentada na última segunda-feira, em mais uma sessão esgotadíssima num hotel da cidade. Surpreendentemente, Virgílio Bento é o número dois, seguido de Vítor Santos, gestor, Lurdes Saavedra, advogada, e Gonçalo Amaral, estudante.
Contudo, a estrela da noite foi João Almeida Santos, actual assessor político do primeiro-ministro, cujo longo currículo impressionou mais do que um dos presentes. O filósofo está visivelmente mais habituado aos bastidores, mas lá foi explicando os motivos da sua opção. «A minha terra parece apelar cada vez mais ao meu regresso. Acabei de reconstruir a casa onde nasci, a casa dos meus pais em Famalicão, pelo que agora trabalho em Lisboa, mas é aqui que vivo mais intensamente», começou por dizer. Quanto à Guarda, João Almeida Santos considera que a cidade precisa de «mais protagonismo político». Nesse sentido, defende que a cidade deve posicionar-se como plataforma ibérica de «saber, inovação e desenvolvimento» e reclamou o apoio do actual Governo para esse novo desafio. O candidato à Assembleia Municipal falou ainda da necessidade de um «novo impulso» na intervenção urbana norteado por «imperativos de qualidade de vida e de exigência cultural». Na sua opinião, a Guarda «não pode funcionar como mero centro de serviços, deve ser um verdadeiro espaço público para os cidadãos». João de Almeida Santos aproveitou ainda o slogan da candidatura “A Guarda inspira-nos” para rematar que ninguém vai na lista para «se sentar na cadeira do poder ou servir as suas ambições pessoais».
Mais tarde admitiu aos jornalistas que a sua proximidade ao primeiro-ministro vai servir para alguma coisa. «A posição que ocupo, e também porque conheço grande parte dos membros do governo, pode facilitar algum trabalho junto do poder central para acelerar determinados processos», sustentou, sem recear que a contestação ao Governo possa fazer mossa nas autárquicas. «Acho que não irá afectar, porque os portugueses compreendem a necessidade destas medidas drásticas», sublinhou. De resto, João de Almeida Santos explica o êxito do PS no concelho da Guarda, onde é poder há 29 anos, com o trabalho desenvolvido e a personalidade dos candidatos. «Ambos têm sido bons, nós queremos é dar um novo impulso», disse, comparando Joaquim Valente a Maria do Carmo: «A anterior presidente da Câmara tinha características de proximidade e serenidade, que o actual candidato também tem, que dava uma grande valia à sua acção política», considerou. Outro foco das atenções foi Vítor Santos. O gestor de empresas prometeu empenhar-se na «modernização, inovação, competência, organização e eficácia» dos serviços da autarquia, à semelhança do que é exigido a uma empresa privada. «O fundamental é trabalho, trabalho e trabalho para atingir a excelência», desafiou. A lista de Joaquim Valente fica completa com Nuno Ferreira (engenheiro), Estela Amaral (técnica oficial de Contas), Raul Amaral (médico), Júlio Espigado (comerciante) e José Martins (reformado).
Luis Martins