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«Vai nascer uma nova cidade planeada de raiz na zona do aeródromo»

Carlos Pinto explica em entrevista as opções estratégicas para a Covilhã, enquanto comenta a situação financeira da autarquia e a constituição da Comunidade das Beiras

P-Ainda acha que é mais vantajoso para a Covilhã ficar fora da AZC?

R-Nós temos o nosso problema resolvido. Foi anunciada há poucos dias a privatização de 49 por cento das Águas de Portugal, o que significa a privatização de 49 por cento dos patrimónios municipais que foram incluídos na AZC. Significa isso que os municípios andaram a acumular patrimónios e infra-estruturas que transferiram para uma empresa cujo acréscimo que trouxe foram apenas os fundos comunitários que não eram deles. Mais nada, porque de resto, não têm qualificação nem se sabe onde a foram buscar, não resolveram problemas, praticam tarifas mais elevadas do que a Covilhã e dão défices altíssimos. Neste momento, é uma estrutura com problemas gravíssimos porque os municípios estão a dever milhares de contos. Espero que até ao final do próximo ano a Covilhã seja o primeiro município de todos da região com o problema ambiental resolvido. Hoje temos 100 por cento de abastecimento de água potável a todos os munícipes, 100 por cento de recolha de recolha de efluentes domésticos e industriais, 100 por cento de recolha e entrega de resíduos sólidos e 65 a 70 por cento de tratamento. Faltam-nos 35 por cento, que serão consumados até ao final do próximo ano pois o IRAR deu-nos o parecer para que se celebre o contrato definitivo com a empresa AGS da Somague. Seremos o primeiro município da nossa zona com o problema ambiental resolvido. Não lançaremos para o Zêzere uma gota de água não tratada. Não critico quem aderiu à AZC. Foi uma opção e a Câmara da Covilhã cometeria um erro se aceitasse as condições que nos foram propostas. Estávamos inspiradíssimos quando não aderimos à AZC.

P-Mas a Covilhã ainda não tem as duas barragens que pretende construir e todos os anos, pelo Verão, corre o risco de ficar sem água?

R-Nem as teria construído se tivesse na AZC, porque até disseram que faziam o projecto e as construíam. Estamos neste momento a negociar um projecto de energias renováveis com a maior empresa da Península Ibérica do sector, onde se inclui a energia eólica e a construção das duas barragens para aproveitamento energético. Temos que ter uma proposta concreta até 30 de Junho e espero que até lá as coisas evoluam porque estamos a trabalhar nisso. Passa por uma parceria em que a empresa constrói as barragens e financiam-nas integralmente e nós ficaremos detentores da produção da energia eléctrica, que ronda cerca de 500 mil contos por ano. Estamos a negociar e se chegarmos a bom termo devemos ter o problema resolvido. Convém também dizer que as obras que efectuamos na Barragem do Viriato tiram-nos as preocupações para os próximos anos e este Verão teremos mais 40 por cento de água disponível. Sobretudo, o que me satisfaz é a qualidade da nossa água. Estamos com uma qualidade excepcional. O investimento em filtros de 100 mil contos que se fez há dois anos atrás permitiu-nos ter uma água com qualidade, tal como demonstram as análises. Os nossos serviços estabilizados e o facto de não termos entrado para a AZC permite-nos dizer que quando alguém nesta câmara quiser privatizar os Serviços Municipalizados, paga a dívida que tem a Câmara da Covilhã. É um património que nos dá uma grande tranquilidade.

P- A Covilhã não irá então integrar no futuro a AZC?

R-Não e acho que no futuro a AZC será uma empresa privada. O projecto que está em cima da mesa é privatizar os sistemas multimunicipais. O Estado precisa de dinheiro e tal como fez com a Galp, vai vender os sistemas multimunicipais de água e aí vai-se fazer a privatização do que as Câmaras deram ao sistema.

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