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Urgências da Guarda sem ortopedista por um dia

A situação pode repetir-se noutras especialidades da ULS e chegar aos centros de saúde por causa do número reduzido de médicos

As Urgências da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda estiveram sem ortopedistas na passada segunda-feira. Durante todo o dia os utentes que necessitaram destes cuidados foram encaminhados para o Hospital de Viseu.

O diretor clínico da ULS adiantou que a ausência de um ortopedista na escala do serviço de Urgências nesse dia se deveu à entrada em vigor da regulamentação do Ministério da Saúde que «define que sempre que um médico fizer noite, tem dispensa no dia imediato, é o chamado período compensatório de descanso». Esta situação até poderia ser facilmente contornada não fosse o caso da ULS da Guarda ter somente quatro clínicos no quadro da Ortopedia aos que se junta mais um médico reformado que faz apenas 20 horas. Numa tentativa de evitar a ausência de ortopedistas na Urgência, Gil Barreiros refere que «ainda tentámos contactar outros hospitais, inclusive do Alentejo, para ver se algum médico poderia vir fazer umas horas, mas sem sucesso».

Tudo voltou à normalidade na terça-feira, mas a manter-se a carência de especialistas neste e noutros serviços do hospital da Guarda, este episódio poderá repetir-se mais vezes. «As escalas já estão feitas e no final do mês voltamos a ter um dia sem ortopedista», afirmou o diretor clínico. No entanto, esta é uma situação que a ULS da Guarda pretende resolver com a vinda de médicos de Coimbra «para dar apoio nas Urgências» e a contratação de mais um clínico reformado para fazer 20 horas. «O que não é suficiente nem são soluções imediatas, pois carecem de autorização da tutela que demora normalmente cerca de seis meses», refere Gil Barreiros.

A medida que motivou a ausência de ortopedistas nas urgências da Guarda só agora entrou em vigor, mas o médico acredita que este episódio pode vir a repetir-se na Urgência de outras especialidades onde também existe carência de profissionais, caso da Cirurgia, Radiologia, Cardiologia e Anestesiologia, «entre escalas, consultas, internamentos e cirurgias não vai ser possível fazer tudo com as pessoas que temos», avisa o responsável. A Cirurgia será talvez o caso mais problemático, uma vez que são sempre necessários dois profissionais e se um deles não estiver não poderá haver cirurgias. A falta de meios humanos afetará também os Centros de Saúde que ainda mantêm Serviços de Atendimento Permanente (SAP) durante a noite, já que «se corre o risco de não haver médicos no dia seguinte para dar consultas».

A falta de médicos não é um problema recente na Guarda, já se arrasta há alguns anos. «Mesmo quando abrem concursos, não tem havido médicos a concorrer para a Guarda», lamenta Gil Barreiros, que está esperançado que no próximo concurso esta situação não se repita.

Ana Eugénia Inácio Na segunda-feira, os doentes foram encaminhados para o Hospital de Viseu

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