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Universitários

Parece que vamos ter os campeonatos universitários na Guarda. Digo parece, porque a não ser o que foi noticiado na rádio, ninguém, pelo menos a quem falei do assunto, foi capaz de acrescentar uma vírgula ao que já tinha ouvido. Este desconhecimento por parte da população torna a notícia novidade. Será este um sintoma de secretismo nas negociações para conseguir para a Guarda os campeonatos? Ou corresponderá antes a um elitismo nas opções de escolha para os eventos desportivos, que faz com que a maior parte da população não lhe dê o devido destaque? Seja como for, depois de ouvir as notícias, a primeira ideia que ressalta é a de que esta vai ser uma iniciativa positiva. Conseguir para a cidade um acréscimo de população considerável (equipas de andebol, voleibol, futsal e xadrez, entre outras), ainda por cima durante um espaço de tempo dilatado (ao que parece serão 10 dias, entre dois e 12 de Maio) com o incremento que tal significa para os serviços é acrescentar mais valia para a cidade. Tal, implica mais movimento, em primeiro lugar para os bares e restaurantes, mas também para um conjunto alargado de actividades comerciais. E se é certo que a noticia cai assim do céu sem ninguém ter dado pela preparação para a candidatura, tal não é óbice suficiente a que se considere a iniciativa como positiva. Há no entanto um ou dois aspectos que convêm esclarecer para se ter uma ideia mais aprofundada sobre o valor deste evento. Primeiro, conviria saber quais são as verbas que a Autarquia afecta para esta organização. Saber quem pagará as facturas do alojamento, dos transportes e demais encargos organizativos. Mais do que importante, é fundamental. Só com estes dados se pode avaliar com algum rigor o impacto positivo que tal acontecimento poderá trazer para a Guarda. Já agora deveria atender-se na relação custos/retorno às implicações que uma organização deste género trará ao nível dos alunos que ficam privados das suas aulas normais de educação física, pois os torneios ao decorrerem em pavilhões onde são dadas aulas impossibilitam a sua utilização pelos alunos. Outro assunto, porventura não menos importante, é avaliar o impacto desportivo que realizações deste género podem significar. Temo que neste aspecto nada de relevante venha acrescentar ao panorama desportivo local. Aliás esta como outras organizações, que se têm levado a cabo na cidade, como seja os casos dos torneios de Voleibol e mais recentemente dos torneios de Andebol, pouco contribuíram para a expansão destas modalidades. Não sei se estas acções farão parte de uma qualquer politica de desenvolvimento desportivo, mas a acreditar nesta ideia, fica-se com a sensação de que se está a construir a casa começando pelo telhado. Se olharmos um pouco à realidade do nosso desporto, que mal ou bem, é feito no dia a dia, verificamos que às de acções de alguma envergadura no campo mediático dos eventos organizados não corresponde um aumento do número de praticantes nessas modalidades. Impõe-se então a pergunta. Em vez de grandes organizações de torneios a que na maior das vezes poucos vão assistir não seria preferível concentrar os esforços e os meios nas actividades que vão revelando alguma excelência, para depois, num momento posterior investir em realizações importantes mas nas quais já há um trabalho de base previamente feito? Quanto a mim só esta última opção faz sentido.

Por: Fernando Badana

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