No próximo ano, a Cercig vai avançar com a Unidade Residencial, com ou sem apoio dos fundos comunitários, garante Virgílio Bento, presidente da instituição. Até lá, em Janeiro será inaugurado o Centro de Hipoterapia e Equitação Especial. Estas são as melhores prendas que a Cercig poderá receber num ano em que vai comemorar 30 anos de existência.
O projecto do Lar Residencial e Residência de Vida Autónoma há muito que está à espera de co-financiamento. Depois de terem sido recusadas as candidaturas, a Cercig voltou a propor outra, em Maio, desta vez ao Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES). «Vamos ver como é que as coisas correm», sublinha Virgílio Bento, que está pouco optimista. «É que os critérios das candidaturas baseiam-se num estudo social, segundo o qual a Guarda tem excesso de oferta, o que é mentira e disparatado», garante, acrescentando que «há uma grande carência a este nível, porque, quando tentamos arranjar lugar para estes jovens, temos grandes dificuldades», justifica. Caso a candidatura não seja aprovada, «vamos colocar a concurso este projecto, a custo da própria instituição», adianta o presidente, para quem esta é uma obra «prioritária e urgente». Naquela instituição há dois tipos de utentes: os que vêm de fora e são transportados «diariamente» nas viaturas da Cercig, e os de muito longe que «necessitam de alojamento», explica o responsável. No entanto, têm algo em comum: «A maioria destes jovens não tem família ou tem uma família desestruturada», realça.
Neste momento, a solução destes casos passa pelas famílias de apoio, enquanto outros estão nas residências de estudantes. «Mas há pouca resposta a nível social para estas realidades», reitera Virgílio Bento. O futuro Lar Residencial é um equipamento para acolhimento de pessoas com deficiência que estão impedidas, temporária ou definitivamente, de residir no seu meio familiar. «Será uma infraestrutura complementar às actividades e serviços já desenvolvidos pela instituição», adianta. O edifício, constituído por três pisos, deverá nascer num espaço contínuo à sede da Cercig, com uma área de construção de 1.241 metros quadrados e capacidade para 24 utentes. Para o mesmo local está também prevista a Residência de Vida Autónoma que, como o próprio nome indica, pretende acolher pessoas com deficiência que, mediante apoio, possuem capacidade de viver autonomamente. Esta residência ou apartamento é constituído por um piso, com uma área de construção de 112 metros quadrados e terá uma capacidade máxima para cinco pessoas. Os custos globais das unidades, que contemplam a elaboração de projectos, obras de construção, aquisição de mobiliário e equipamentos, ascendem aos 900 mil euros. Mas caso a candidatura seja aprovada, a Cercig irá obter um financiamento público de 55 por cento dos custos globais, sendo o restante suportado pela própria instituição.
Picadeiro para todos
No entanto, o presidente da Cercig só tem razões para regozijo, pois já no próximo mês vai ser inaugurado o Centro de Hipoterapia e Equitação Especial, junto ao Centro de Reabilitação Profissional e próximo do parque industrial da cidade. Este equipamento vai contribuir para a reabilitação de crianças e jovens através da prática de equitação terapêutica. «A estrutura está praticamente pronta e vai ser uma unidade também importante para a cidade, porque não há nenhuma do género, só em Almeida», frisa o dirigente. Da parte da manhã, funciona de apoio às crianças da Cercig e à tarde, está aberto à comunidade em geral, «para rentabilizar o equipamento», justifica Virgílio Bento. Outro dos projectos em curso é a remodelação das instalações da formação profissional, que ficará concluída «dentro de dois meses», garante. Ou seja, progressivamente, a Cercig está a dotar-se de condições «condignas e de qualidade» para poder «formar, educar e dar aos utentes uma determinada autonomia que lhes permita a inserção na sociedade». Esta obra conta com o financiamento do Programa de Iniciativa Comunitária LEADER +, através da Associação de Desenvolvimento Integrado da Raia Centro Norte (Pró-Raia). Actualmente, a Cercig já dispõe de diversas valências, nomeadamente na área educativa, centro de actividades ocupacionais, centro de reabilitação profissional, quinta pedagógica, cursos do ensino recorrente, ATL, Espaço Net, gabinete da terapia da fala e de Fisioterapia. Este ano foi iniciado um novo projecto: a “Sala Teach”. Trata-se de uma sala de ensino estruturado, que visa tratar e educar alunos autistas ou com deficiências que afectam a comunicação.
Patrícia Correia
