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Uma solução para sair da crise

Ladrar à Caravana

Acho que devo, como cidadão preocupado com os destinos da nossa sociedade, sugerir uma solução alternativa para o dilema em que se debate o nosso Presidente da República.

Acho redutor, acho mesmo mesquinho que se condicione o pobre do homem a uma escolha entre duas possíveis. Acho mal. Parece aquela brincadeira em que se esconde um doce numa mão, fora do olhar da vítima, e depois apresentam-se duas mãos fechadas, tendo o pobre que escolher uma e só uma. Acho que é um sistema de escolhas pobre e nada condizente com a nossa capacidade de realização de feitos magníficos.

Assim, em vez de oscilar entre eleições antecipadas ou Santana Lopes, o nosso Presidente, no uso dos seus poderes e da sua criatividade, poderia nem convocar eleições nem empossar Santana Lopes. Faria, isso sim, uma alteração radical ao regime, transformando a nossa actual República numa Monarquia Rotativa, inspirada no modelo da alternância entre partidos, na qual, de quatro em quatro anos, se mudava de rei e de governo. Poupava-se imenso dinheiro nas campanhas eleitorais pois os reis elegíveis teriam de cumprir critérios absolutamente implacáveis, dos quais salientaria a obrigatoriedade de ter aparecido na Hola! pelo menos cinco vezes nos últimos dez anos, apresentar uma árvore genealógica incontestável até há pelo menos vinte gerações, e ser parente, mesmo afastado, de qualquer membro de qualquer família real.

Desta forma era muito mais simples a gestão da coisa pública, pois como é sabido, os reis nasceram para reinar e essa é uma tarefa que deve ser entregue a profissionais competentes. No caso de haver um impedimento técnico, uma paixão por uma plebeia por exemplo, um convite para o conselho de administração de uma petrolífera ou banco internacional, ou qualquer outro motivo de inegável interesse nacional, sei lá, ir para treinador do Chelsea ou do Real Madrid, entraria em funções o tal sistema rotativo: entrava em cena o rei no defeso, o rei alternativo, que o que há mais por aí são reis, uns ocupados, outros disponíveis, e assim, mostrávamos mais uma vez ao mundo a capacidade inventiva dos portugueses.

Vale a pena pensar nisto.

Por: Jorge Bacelar

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