Na obra dos outros viu algo que podia ser seu. Com um novo olhar, voltou a desenhar a Mona Lisa e a Última Seia. Joana Correia Saraiva é “Juma”, artista plástica que viaja ao sabor de diferentes correntes e influências, reinterpretando – à sua maneira – as obras de conhecidos autores, como Leonardo da Vinci. A pintora e arquiteta viveu a infância em Vila Franca das Naves e expõe agora pela primeira vez no Centro Cultural Miguel Madeira, até dia 21 de agosto.
Apesar de ter nascido em Viseu, foi em Vila Franca que deu os primeiros passos – até mesmo no mundo da pintura, quando aos 13 anos recebeu uma tela e um cavalete. Haveria de ingressar em Artes no secundário, já na cidade do Porto, e mais tarde no curso de Arquitetura. A maior parte dos dias vive-os enquanto arquiteta, mas sem esquecer a pintura que sempre a acompanha. Embora use o nome “Juma” enquanto pintora e o real enquanto arquiteta, Joana assume que é difícil dissociar as duas artes. «É quase 50/50. Não me vejo a fazer apenas uma delas», admite, acrescentando que pintar é uma necessidade, «algo que me acalma». Neste regresso ao lugar onde cresceu traz obras de duas coleções: “Re.Interpretação” e “Peças de Teatro” – onde mostra ao público a sua versão da “história” já contada em quadros de outros artistas. «A ideia surgiu-me quando estava no carro a ouvir uma música que a Mafalda Arnauth reinterpreta. E pensei: porque não fazer em pintura essas reinterpretações? Peguei em cinco obras de arte que são as minhas favoritas e reinterpretei à minha maneira, com a minha palete cromática», adianta.
Surrealismo e cubismo em pouco se unem. Representam correntes, épocas, lugares e autores distintos. Mas na obra de “Juma” há laços que se tornam possíveis. «Não têm nada a ver, mas identifico-me com ambas e, por exemplo, a Mona Lisa acaba por ser a mistura dos dois, porque tem um traço reto [cubismo] mas ao mesmo tempo puxa para o surrealismo», explica a autora. Mona Lisa, a Última Seia ou a Criança Geopolítica Observando o Nascimento do Homem Novo (de Salvador Dali) são algumas das obras que chamam mais a atenção na exposição. Há mais de 15 dias a mostrar a sua arte em Vila Franca das Naves, “Juma” tem sentido o reconhecimento do público. «O convite para expor aqui entusiasmou-me. Não estava à espera e houve uma aceitação tão grande…», reconhece. A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira (das 9 às 18 horas) e aos sábados e domingos (das 14 às 18 horas).