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«Uma maioria absoluta também não serve para governar um concelho»

Jorge Noutel, candidato do Bloco de Esquerda à Câmara da Guarda, considera que a autarquia tem preferido «infraestruturas de fachada» às pessoas

O candidato do Bloco de Esquerda (BE) à Câmara da Guarda garante que a sede do partido é «quase uma Provedoria do Cidadão», tal é a frequência com que os munícipes se vão queixar da «arrogância e prepotência» da Câmara. «E pedem para não serem identificados porque há medo», sublinha Jorge Noutel, que apresentou as propostas da sua candidatura na passada sexta-feira.

No auditório ao ar livre da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço – por o equipamento estar encerrado às sextas –, o cabeça-de-lista do BE revelou um programa «virado para as pessoas», que considera terem sido esquecidas por uma autarquia «demasiado preocupada em infraestruturas de fachada». E Jorge Noutel não evitou o paralelismo: «Era bom que as pessoas se preocupassem em pensar que se uma maioria absoluta não serve para o Governo de um país também não serve para o governo de um concelho», desafia, assumindo como objectivos a eleição de mais deputados municipais e a sua enquanto vereador. «As nossas propostas são sérias, exequíveis e demonstram que olhamos de frente para os problemas», apregoa. De resto, há medidas para todos os gostos nas 118 páginas do programa eleitoral. Jorge Noutel explica o tamanho com «tudo o que não foi feito neste concelho e que é urgente fazer». A começar pela revisão do PDM que o dirigente bloquista quer participada pelos munícipes, propondo a criação de um fórum onde os guardenses serão convidados a ajudar à reformulação do Plano Director Municipal.

Ainda no domínio do urbanismo, defende que a Câmara deve reabilitar casas devolutas, acordando com os senhorios fazer as obras a troco de um aluguer a terceiros por um período de 10 anos para recuperar o investimento. «As casas serão depois devolvidas aos donos para serem colocadas no mercado imobiliário», refere, estranhando que a habitação social com rendas controladas seja há muito uma “carta fora do baralho” no município. Para o candidato, são precisos espaços culturais abertos a todos os criadores, nomeadamente o antigo Cine-Estúdio Oppidana, e uma escola de artes e ofícios. Nesse sentido, sugere a abertura das escolas aos fins-de-semana para que possam ser utilizadas pelas comunidades e colectividades. Também são precisos mais equipamentos de lazer e convívio, pois o Parque Urbano do Rio Diz é um «“elefante branco”», enquanto o parque municipal foi «abandonado». Duas estruturas que Jorge Noutel quer dinamizar através de concursos de ideias.

No campo social, aposta em centros de noite para «combater a solidão em que vivem muitos guardenses, sobretudo idosos». O actual deputado municipal do BE insiste novamente na criação do Gabinete de apoio social às famílias carenciadas para as ajudar a ultrapassar a crise e quer lançar uma empresa de transportes públicos, detida maioritariamente pela autarquia, para ligar a cidade, as freguesias e os bairros. Jorge Noutel disse igualmente não compreender a «elevadíssima quantia despendida em horas extraordinárias em todos os departamentos da Câmara», augurando que face à dívida – pelas suas contas, andará nos 70 milhões de euros –, a autarquia terá que «fechar as portas um dia destes». E considerou «a vergonha das vergonhas» haver ainda localidades sem abastecimento de água e saneamento no município.

Luis Martins Jorge Noutel avisa que a Câmara terá que «fechar as portas um dia destes» por causa da dívida

«Uma maioria absoluta também não serve para
        governar um concelho»

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